LARAA última noite chega com neve.Não a tempestade silenciosa dos filmes trágicos, nem o aviso de algo à espreita. Apenas a dança lenta e constante de cristais brancos lá fora, enquanto aqui dentro tudo arde. O chalé está mergulhado num silêncio diferente do dos outros dias — um silêncio que não pesa, não aperta. Um silêncio cheio. Vivo. Quente.Dorian está sentado diante da lareira, lendo um livro qualquer que ele escolheu mais pelo título do que pela história. Uma manta cobre suas pernas. Ele parece um homem que já viu o mundo e, ainda assim, escolheu parar aqui. Comigo.Eu o observo por longos minutos antes de dizer qualquer coisa.Mas, quando digo, minha voz é baixa. Clara.— Você sabe que eu te amo, né?Ele fecha o livro devagar, sem marcar a página. Vira o rosto para mim. E, mesmo sem sorrir, seu olhar me aquece mais do que qualquer lareira.— Eu sei. — Ele faz uma pausa. — Mas gosto de ouvir.Caminho até ele devagar, descalça, usando apenas a camisa dele que peguei no armário
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