O céu começava a clarear em Raventon, mas não com luz. Era uma alvorada estranha, acinzentada, como se o mundo respirasse com dificuldade. As árvores tremiam com um vento sibilante, e a terra parecia esperar algo.Brianna acordou antes dos outros, seu corpo ainda aquecido entre as peles e o perfume dos dois homens que dividiam sua alma. Saiu devagar da cabana, envolta em um xale negro, e pisou na grama úmida. O cheiro de terra molhada estava forte. Havia algo no ar.Ela sabia. Sentia. Algo se aproximava.Ou alguém.Não demorou muito.Entre as árvores, uma figura surgiu. Alta, esguia, envolta em um manto púrpura que parecia ondular como fumaça. O rosto era pálido e belo de um jeito antinatural — traços suaves, ambíguos, como se o tempo e o gênero tivessem se recusado a tocá-lo. Os olhos, dourados, pareciam conter galáxias girando em silêncio.— Você é Brianna Silver — disse ele, sem emoção, mas com reverência. — A bruxa marcada pelo Fogo do Véu.Ela deu um passo para trás, os dedos já
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