O sol já havia se escondido quando Irina chegou ao pequeno apartamento de Natália. A porta entreaberta, como sempre, era um convite silencioso para entrar sem bater. Aquela casa era um refúgio, uma ilha entre as tempestades do mundo. O cheirinho de café fresco preenchia o ar, misturado ao incenso de baunilha que sempre queimava discretamente no canto da sala.Ela entrou em silêncio, os ombros tensos, os pensamentos pesando mais que a bolsa que carregava. Fechou a porta devagar, deixou os sapatos ao lado do tapete surrado e soltou o ar dos pulmões como se estivesse se libertando de um corset apertado.Ali, entre aquelas paredes cheias de cor e vozes conhecidas, ela se permitia ser Irina, não Afrodite, a camgirl intocável. Mas ainda assim, nem mesmo naquele lar improvisado, conseguia escapar da sombra que a seguia: suas dívidas.Ela lembrava bem da noite em que Nicole fez a pergunta. Não foi maldosa, não exatamente, mas também não foi leve.“Quando é que você vai leiloar a sua virgindad
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