As últimas semanas tinham sido silenciosas — mas, pela primeira vez em muito tempo, não por medo, nem por dor. Era um silêncio confortável, construído com cuidado, respiração por respiração. Matheus estava diferente. Não exatamente alguém novo, mas... mais inteiro. Mais presente.— A terapia tem me ajudado. Muito — ele disse, um dia, enquanto montávamos a última prateleira do quarto do bebê. — Acho que nunca fui tão honesto comigo mesmo.Olhei pra ele com carinho, sentindo um calor apertar o peito.— Eu percebo isso. Você tá mais leve.— Eu tô me permitindo ser.***Naquela sexta, ele insistiu pra que eu saísse de casa por algumas horas. Disse que precisava “resolver umas coisas”. Achei engraçado o mistério, mas fui. Quando voltei, a casa estava diferente.As luzes baixas, algumas velas acesas, o cheiro de comida fresca no ar. Ele apareceu no corredor vestindo uma camisa branca, um pouco amarrotada, mas charmosa do jeito dele. Tinha um sorrisinho torto nos lábios, do tipo que só ele s
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