Otávio A mansão dos meus avós era o oposto da minha: viva, barulhenta nos detalhes, elegante sem exagero. Logo ao cruzar o portão de ferro batido, a varanda envolta em samambaias e vasos de cerâmica já me recebia com o cheiro familiar de terra molhada e alecrim.O hall principal, com seus quadros dourados de moldura trabalhada e móveis de madeira nobre, exalava um aroma inconfundível — mistura de cera de chão, flores frescas e um toque envelhecido de história. O piso de tábua corrida rangia levemente a cada passo, como se a casa estivesse sussurrando segredos antigos, e as paredes claras traziam aconchego que só a segurança que a tradição familiar consegue trazer. A luz era amarelada, suave, refletida pelas cortinas rendadas que balançavam com a brisa da janela entreaberta. Ao fundo, o som baixo de um rádio antigo tocando um bolero completava o retrato nostálgico daquele lugar onde o tempo parecia desacelerar.No salão anexo, como toda sexta-feira, o tabuleiro de xadrez já nos a
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