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A Faxineira e o CEO Obcecado
A Faxineira e o CEO Obcecado
Por: Rosek
Capítulo 1 - Vista Proibida

Lúcia 

É extremamente desconcertante quando a gente percebe uma certa obsessão por alguém. Pior ainda é quando isso começa a atrapalhar sua rotina...

         Eu estava ali, encerando o chão frio do saguão principal da sede do Grupo Auros — mármore branco, tão reluzente que refletia até os pensamentos mais íntimos — à espera de Sabrina, minha colega de trabalho e melhor amiga, que estava responsável por limpar as grandes vidraças do hall de entrada todas as sextas-feiras, como hoje.

Não havia nada de muito especial no saguão da nossa empresa. Era simples, redondo, com um balcão para as recepcionistas — duas moças com maquiagem suave, bem vestidas com blazers azul-escuros com o logo da corporação e sorrisos amáveis no rosto — que ficava à direita de quem entrava pelas portas de vidro automáticas, as únicas entradas do prédio.

O balcão era feito também de mármore branco em sua estrutura, mas o tampo de madeira escondia os computadores e as cadeiras das funcionárias, que naquele momento riam e conversavam. Muito bem perfumadas — fragrâncias que eu reconhecia do meu passado —, e, tentando identificar as camadas do cheiro, quase me esqueci de onde estava…

À esquerda, ficavam dois elevadores que iam até o oitavo andar, o último do prédio. Nas paredes cinza, quadros de premiações e parte da história do grupo completavam a ambientação.

Apesar de não ser uma obra-prima, o hall era receptivo. Um lustre de cristais pendia do teto, o cheiro de limpeza fresco se misturava ao aroma amadeirado — provavelmente dos próprios funcionários chegando para suas jornadas —, todos alinhados com seus uniformes impecáveis.

Sabrina apareceu ao meu lado com um frasco de álcool 70 nas mãos e um sorriso no rosto.

— Pronta pra mais um dia?

Assenti, tentando parecer leve.

— Pronta.

Lustrava o piso com minha fiel bruxa de pano, conversando baixo com minha colega  para enganar o tédio e o cansaço, quando as portas automáticas abriram e ele apareceu adentrando o hall da empresa.

Alto. Impecável.

O terno azul-marinho parecia ter sido costurado à mão diretamente no corpo dele — e provavelmente foi feito sob medida. Tinha ombros largos, corpo atlético, cabelo castanho-escuro em um corte social moderno, barba aparada com precisão, lábios carnudos e olhos castanhos.

Otávio Monteverde.

O CEO. O dono da porra toda.

E o motivo da minha insônia nos últimos dias.

Okay, nem tanto... Mas sem perceber, congelei no meio do movimento, me apoiando na bruxa como se ela fosse o ombro de uma amiga querida que compreendia a loucura que se passava na minha cabeça.

Fiquei apenas... olhando. Hipnotizada.

— Lúcia! — a voz de Sabrina me puxou de volta à realidade como um balde d’água fria.

Pisquei, tentando processar. Olhei pra ela, corando feito menina de escola.

— Oi?

Ela se aproximou, ergueu uma sobrancelha e me analisou com aquele olhar que sempre parece saber demais. Os olhos verdes dela me lembram folhas molhadas pela chuva. E o sorrisinho debochado no canto da boca era típico.

— Você anda muito observadora quando o CEO passa... — provocou.

Ajeitei os óculos no rosto, fingindo que não estava em transe. Sabrina me deu um empurrãozinho leve no ombro, se divertindo às minhas custas.

— Achei que fosse levar bronca — murmurei.

— Ah, relaxa. Vai dizer que ele não é um homão da porra? — sussurrou, abrindo um sorriso maroto. — Mas vamos logo, antes que o supervisor perceba que a gente tá de bobeira. — disse voltando a limpar a vidraça.

Voltei a esfregar o chão, mas o pensamento continuava nele. Otávio parou diante dos elevadores e mexeu no celular, alheio à confusão que causava em mim.

Só um olhar... e minha mente parecia escapar da realidade. Um ímã. Um campo de gravidade particular. E eu era só poeira flutuando em órbita.

Estar neste lugar me fazia lembrar constantemente de onde vim.

Eu era grata. Grata pelo emprego, pela oportunidade e, principalmente, pela Sabrina. Muitos acham humilhante limpar chão e banheiro, mas eu aprendi a ver beleza até no reflexo de um piso bem cuidado. Era um exercício de humildade. Um recomeço. Depois do que passei, era tudo que eu precisava.

— Ei — disse Sabrina, enquanto enxugava o suor da testa. — Assim que terminarmos aqui, bora pro refeitório. Escutei teu estômago roncar. Parecia um elefante pulando corda.

Ri, aliviando o clima.

— Escutando o teu, achei que algum leão tinha escapado do zoológico.

Rimos juntas. Como sempre. A cumplicidade entre nós deixava tudo mais leve.

Antes, éramos um trio inseparável, mas... isso ficou no passado. Mudei de cidade, de telefone, de vida. Sabrina e meus tios foram os únicos que continuaram ao meu lado — mesmo quando eu mesma não sabia mais quem era.

Quando terminamos o saguão, fomos tomar café. Eram 8h30 da manhã.

O Grupo Auros era conhecido não só pelo prestígio e salários generosos, mas também pela comida. Sempre havia cheiros deliciosos saindo da cozinha, e aquele aroma de café fresco era quase um abraço.

— Acho que o Poderoso Chefão estava olhando pra ti — Sabrina soltou, absolutamente do nada.

— E eu acho que tu cheirou álcool demais e tá viajando — provoquei.

Sabrina deu uma risada e soltou seus cabelos dourados antes de entrarmos no refeitório. Eu deixei os meus presos. Ela era naturalmente confiante, dona de si, com aquele jeito atrevido que eu invejava secretamente.

O refeitório era amplo, com mesas e cadeiras de madeira. As paredes eram extremamente brancas. Havia uma janela que dava direto para a pia ao lado direito de uma porta dupla, cada lado com uma pequena janela redonda, típica desses lugares. À esquerda da porta havia um buffet — que, no momento, estava vazio. Mas nossa atenção se concentrava numa mesa ao lado do buffet: ali havia café, leite, açúcar, pães, geleias, bolos e tortas.

Ao nos servirmos, vimos a secretária do Sr. Otávio pedindo uma jarra de café para a cozinheira — obviamente para levar à sala da presidência.

— Por que não se oferece pra levar o café até o teu Príncipe Encantado? — sussurrou Sabrina, enquanto despejava café nas nossas xícaras com um sorrisinho debochado.

— Não enche — murmurei, sentindo as bochechas esquentarem.

— Ah, para. Não finge que você é envergonhada agora, Lúcia…

Sentei e dei um gole demorado no café, tentando disfarçar os pensamentos que passavam pela minha mente. Antes que eu pudesse responder, Luan, nosso supervisor, apareceu com um prato com três fatias de bolo.

— Só duas xícaras? Então vou ter que comer duas fatias de bolo — disse, com um olhar direto para Sabrina.

Ela se levantou e pegou mais uma xícara, e ele se sentou ao lado dela com a maior cara de quem estava em casa. Saboreamos nosso café entre risadas e provocações, até que o relógio nos chamou de volta à realidade.

Nos separamos para as tarefas seguintes. Eu segui com o carrinho de limpeza até o banheiro feminino do último andar.

Cinco dias de empresa e eu já tinha certeza de que estava encrencada.

Com aquele lugar.

Com aquele homem.

Comigo mesma.

Me olhei no espelho.

Com o uniforme que poderia muito bem ser de uma enfermeira — calça e jaleco azuis. Estava com olheiras visíveis até mesmo por trás dos óculos. Um rabicó tentava prender a tempestade dos meus cabelos castanhos bagunçados.

Reparei que o uniforme marcava bem minha cintura avantajada e fora dos padrões de passarela, mas ainda assim evidenciava as curvas do meu corpo.

O banheiro era mediano, o que significava que terminaria rápido. Três pias e três cabines com vaso sanitário. O piso era de mármore branco, as paredes cinza, assim como as da recepção. Havia espelho e era bem iluminado.

Como imaginei, foi uma limpeza rápida. Em questão de dez minutos, estava tudo em ordem.

Estava distraída organizando os produtos quando a porta do banheiro se abriu lentamente. Ergui os olhos, esperando ver alguma funcionária... mas congelei.

Era ele.

Otávio Monteverde.

Sozinho.

Dentro do banheiro feminino.

E olhando diretamente pra mim.

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