Otávio
A luz azul do abajur jogava sombras suaves sobre o teto do meu quarto. Já passava da meia-noite e eu estava deitado, sem conseguir dormir. A cama era grande, o lençol importado, branco impecável, a temperatura do ar perfeita. Mas o silêncio... esse era insuportável.
Revirei de lado.
O rosto dela insistia em aparecer. Aqueles olhos absurdamente azuis, por trás dos óculos. A forma como ela tentava esconder o desconforto com dignidade, como se cada palavra fosse um esforço milimétrico pra manter o controle. E a boca… Deus. Aquela linda boca.
O celular vibrou na mesa de cabeceira. Elias.
— Fala — atendo a ligação.
— Está ocupado hoje à noite? — perguntou ele — tenho algo melhor do que ficar pensando nela.
— Que foi?
— Bora sair. Tenho dois convites pro Castello Lounge. Uísque, música ao vivo e, quem sabe, umas distrações bem úteis.
— Tô deitado. Tenho que acordar cedo.
— Otávio, pelo amor de Deus, você tá obcecado por uma faxineira. Precisa de um lembrete do qu