MEU VIZINHO ASSASSINO
Lara Gaspar era uma jovem de 19 anos, independente e cheia de vida. Amava sua liberdade mais do que qualquer promessa de romance — e, por isso, nunca o priorizou. Seu carisma era natural, encantava quem cruzasse seu caminho. Por onde passava, chamava atenção. Talvez fosse um pouco desleixada, e por esse motivo evitava levar os amigos até o apartamento onde morava há poucas semanas.
Ela gostava daquele novo lar. O prédio era silencioso, os vizinhos não se metiam, ninguém batia à sua porta. Paz — do jeito que ela gostava.
Num certo dia, ao entrar no elevador, apertou o botão do seu andar e esperou. A porta começou a se fechar, mas travou e se abriu novamente. Ali estava ele.
Matias. Seu novo vizinho.
Lara prendeu o ar por um instante. A beleza daquele homem era marcante, quase hipnótica. Seu rosto carregava uma peculiaridade difícil de explicar. Cabelos longos e ondulados caíam até o peitoral coberto pelo terno escuro e o sobretudo preto. A barba, cheia, era bem cuidada. Mas foram os olhos que a desarmaram: azuis, gélidos, profundos. Um azul que não convidava — ameaçava.
Mas o que realmente a paralisou foram as mãos dele.
Estavam sujas de sangue. Um tom seco, escurecido, contrastando com o resto impecável de sua aparência.
Lara desviou o olhar, passou por ele com cuidado, evitando qualquer contato, até mesmo o mais sutil toque de ombro. Só pensava em se trancar no apartamento, girar a chave, respirar.
Assustada, sim. Mas também... algo mais.
Enquanto destrancava a porta, não resistiu e olhou para trás. O elevador ainda estava aberto. Ele permanecia ali, imóvel, fitando-a com intensidade. Seus olhos mantinham o mesmo tom gélido, quase impassível. Só quando as portas se fecharam é que ela voltou a respirar.
O coração pulsava acelerado. Medo. Desejo.