O som das rodas da mala deslizando pelo piso frio do aeroporto ecoava como o encerramento de um ciclo e, ao mesmo tempo, o início de outro — mais incerto, mais solitário e mais aterrorizante.
— A partir de agora, você é Helena. — repetiu o agente pela terceira vez, com aquele tom impessoal de quem já fez isso dezenas de vezes. — Tudo que você foi até hoje... não existe mais.Luana... não. Helena. Respirou fundo, segurando as lágrimas. As mãos apertavam tanto a alça da mala que os dedos ficaram brancos. A garganta parecia fechar. Seu passado, seus sonhos, sua história, tudo havia sido enterrado em questão de dias.— Isso não tá acontecendo... — pensou, olhando para o reflexo no vidro da cafeteria do saguão. Ela mesma não se reconhecia mais.Cabelos tingidos de castanho-escuro, curtos. Óculos falsos. Documentos novos. Voz treinada para responder por outro nome. Uma biografia que nunca viveu, memorizada como se fosse um roteiro maldito.Por