Capítulo 60 – Entre o Perdão e a Dúvida
A noite caiu sobre a cidade como um manto pesado, e Helena observava pela janela de seu apartamento o reflexo das luzes nos prédios vizinhos. Sua mente estava agitada, um turbilhão de pensamentos que não lhe permitiam descansar. Miguel havia telefonado no fim da tarde, a voz firme e ao mesmo tempo carregada de uma vulnerabilidade que ela nunca imaginou ouvir nele. Ele pediu que se encontrassem, insistiu que precisavam conversar longe dos corredores de hospital, longe do caos, longe dos olhares curiosos.
Helena hesitou. Uma parte dela queria desligar o telefone e nunca mais olhar para aquele homem que lhe escondeu tanto. Mas outra parte, ainda mais profunda, gritava pelo olhar dele, pelo toque, pelo consolo que só ele parecia oferecer.
Depois de minutos de silêncio, ela aceitou.
Agora, enquanto arrumava os cabelos diante do espelho, sentia a contradição corroer seu peito. “Será que estou traindo a mim mesma?”, murmurou, ajeitando o vestido simple