Capítulo 103 – O Fim do Caçador
A chuva caía em torrentes, batendo contra o telhado destruído do casarão. As goteiras pingavam como o tique-taque de um relógio prestes a parar. O vento gemia entre as frestas das paredes, e o cheiro de ferro queimado e pólvora impregnava o ar.
Helena e Miguel estavam lado a lado no salão principal, as armas erguidas, o coração acelerado. Ricardo surgiu das sombras, o tapa-olho refletindo o brilho da lanterna que os dois seguravam. O rosto dele estava marcado — cicatrizes novas misturadas às antigas — e o olhar, completamente tomado por uma loucura serena.
— Vocês nunca entenderam… — disse ele, arrastando a voz. — Eu não sou o vilão dessa história. Sou o resultado do que vocês criaram.
Helena o encarou, o olhar frio. — Você destruiu vidas, Ricardo. Acha mesmo que pode justificar isso?
Ele deu um passo à frente, o som metálico do braço mecânico ecoando. — Justificar? — sorriu. — Não. Eu apenas aceitei o que me tornei. Fui traído, deixado para morrer… por