Capítulo 101 – Ecos da Escuridão
O vento da madrugada cortava como lâminas de gelo. Helena observava o horizonte pela janela do quarto, o olhar perdido entre as sombras das árvores que balançavam sob a lua pálida. Fazia semanas que Ricardo havia sumido após o último ataque, mas o silêncio era mais perturbador que qualquer ruído. Ela sabia — no fundo do peito — que ele estava vivo. E pior: esperando o momento certo para atacar.
Miguel entrou no quarto em silêncio, com um casaco jogado sobre os ombros e uma arma presa na cintura. O rosto dele denunciava noites mal dormidas e o peso de uma guerra que parecia não ter fim.
— Ele está perto — murmurou, encostando-se à parede.
Helena virou-se lentamente, sem desviar o olhar dele. — Eu também sinto isso. O ar… mudou. Parece que a casa inteira está respirando medo.
Miguel se aproximou, tocando de leve o ombro dela. — Não podemos deixar o medo dominar. Ele quer isso. Quer nos ver quebrar.
Helena respirou fundo. — Ele já destruiu tanta coisa, Mi