Angeline continuou emburrada por um tempo, o desenho esquecido no colo.
Matá-la ele não vai. Se fosse, já teria feito, pensou com ironia, os olhos fechados e os braços cruzados sobre o peito.
Depois de um bom tempo em silêncio, abriu os olhos e olhou pela janela.
Dante agora usava óculos escuros; o reflexo do sol nos vidros tornava impossível ver seus olhos, mas ela o observou mesmo assim. Havia algo na forma como ele segurava o volante, firme, precisa, elegante, que a deixava irritada e, ao mesmo tempo, curiosamente segura.
Então, diante dela, o cenário mudou.
Um lago imenso se abriu entre as montanhas, sereno e azul-turquesa, refletindo o céu como um espelho. Angeline se endireitou no banco, esquecendo qualquer raiva.
— Onde estamos? Perguntou, inclinando-se para a outra janela, tentando ver melhor o lago. Pegou o celular e começou a gravar, a voz leve, encantada.
Dante desviou o olhar por um instante para observá-la. Um sorriso breve, quase imperceptível, surgiu no canto de sua b