Giovanni
Estava sentado no meu escritório, no topo do prédio onde a cidade inteira parecia se curvar aos meus pés. A sala da presidência era silenciosa, ampla, elegante - mas fria como o vazio que me acompanhava há cinco anos. Folheava documentos, fingindo interesse, tentando me convencer de que o trabalho ainda era suficiente para preencher a ausência que Alice deixou.
Mas como sempre, ela invadia meus pensamentos. Inevitável. Alice era minha incógnita. Minha ferida aberta. O nome que ecoava na minha mente todas as noites. Eu a desejei de volta tantas vezes que já perdi a conta. Mesmo sabendo que fui o responsável por afastá-la, ainda me pegava imaginando como teria sido se eu tivesse feito diferente.
A noite estava escura do lado de fora, o céu encoberto como se refletisse meu humor. Inclinei-me na poltrona de couro, sentindo o peso de cada lembrança. Do lado de fora da porta de vidro fosco, minha secretária se preparava para ir embora. Ela deu duas batidinhas antes de se despedir.