O silêncio do quarto só era quebrado pelo som distante de passos que vinham pelos corredores da casa. Eu já tinha perdido a noção do tempo ali dentro, trancada como uma prisioneira em uma terra estranha, sem documentos, sem entender o idioma do país e, pior, sem qualquer controle sobre a minha própria vida. Só conseguia esperar que algo acontecesse, que alguém entrasse para quebrar aquela solidão sufocante.
Depois de algum tempo, a maçaneta girou devagar. Meu coração acelerou, e meus músculos se enrijeceram como se esperassem o pior. A porta se abriu e duas jovens entraram. Uma carregava uma bandeja de prata com comida fumegante; a outra trazia uma caixa com produtos de primeiros socorros. A presença delas parecia encher o quarto de ar novo, e mesmo que eu não confiasse em ninguém dali, não pude evitar sentir certo alívio.
— Bom dia — disse a primeira, com um sorriso tímido, enquanto colocava a bandeja sobre a mesa.
— Trouxemos algo para você comer — completou a segunda, aproximando-s