Ponto de Vista de Mara
A alcateia estava calma.
Tão calma que chegava a parecer irreal.
Depois de tudo o que havíamos enfrentado — sequestros, revelações, deuses, demônios, guerras anunciadas e memórias de vidas que não deveriam caber dentro de um corpo humano — aquela tranquilidade soava quase como um presente roubado do destino. E, talvez por isso mesmo, eu estivesse aproveitando cada segundo, mesmo com o pressentimento persistente de que nada bom dura para sempre.
Lucy estava… quieta.
Quietíssima, na verdade.
Sentada à mesa conosco, ela sorria, conversava pouco e observava muito. Para qualquer um, parecia apenas uma mãe cansada aproveitando o jantar com os filhos. Para mim, porém, havia algo diferente. Lucy não estava tendo visões — ou pelo menos era isso que ela queria que acreditássemos.
Ela fingia bem.
Mas eu sentia.
Sentia o esforço dela para se manter ancorada naquele momento simples: uma mesa grande, pratos fumegantes, risadas baixas, o som de talheres e vozes familiares. Um