Nos primeiros dias, eu me sentia uma estranha dentro da alcateia, como se cada olhar fosse um julgamento silencioso, como se cada passo que eu dava fosse uma invasão em território proibido. Era sufocante. Muitas vezes, pensava em me trancar no quarto, em me esconder dos olhares que queimavam como se pudessem atravessar minha pele.
Mas as coisas começaram a mudar. Aos poucos, os sussurros diminuíram. O medo e a desconfiança que antes me cercavam foram dando lugar a uma curiosidade mais branda, e então, à medida que os dias passavam, a hostilidade se transformou em uma aceitação vacilante.
Tudo começou quando Amanda, a irmã dos gêmeos, decidiu caminhar ao meu lado.
Eu nunca imaginei que Amanda, que no começo parecia me odiar, escolheria me apoiar daquela forma. Mas ela apareceu uma manhã em meu quarto, sorrindo com uma determinação que não permitia recusa.
— Hoje vamos caminhar pela alcateia juntas — disse em sinais
— Não sei se é uma boa ideia… — respondi, lembrando-me dos olhares