Capítulo 90
Lucia Bianchi Strondda
A sala do velório parecia pequena demais para tanta dor.
O cheiro de lírios e incenso grudava na garganta, misturado ao choro silencioso de Larissa, a esposa do tio Hélio, uma senhora de mãos frágeis que tremiam cada vez que alguém mencionava o nome dele.
Sentei ao lado dela, apertando sua mão quando seus soluços cresciam.
— Estou aqui, signora. — murmurei. — Eu prometo… nada vai te acontecer.
Ela balançou a cabeça, enxugando o rosto enrugado.
Fabiana Strondda, minha sogra, passava o braço pelas costas dela com delicadeza.
Ela parecia tão forte quanto assustada — o tipo de força silenciosa que uma mãe carrega quando entende que o mundo virou guerra de novo.
Soldados faziam a vigília em cada canto da capela.
O velório estava cercado.
Ninguém entrava sem identificação, ninguém saía sem três confirmações diferentes.
Mas mesmo assim…
Eu sentia que algo estava errado.
Não era medo.
Era… instinto.
O mesmo instinto