Capítulo 52
Don Vinícius Strondda
O reduto recebeu o som dos nossos carros como um comando. Portas se fecharam, vozes se calaram; o ar ficou pesado, contentor de promessas e medo.
No centro do salão, luz cruel, um banco velho, correntes pendendo do teto. Gracy estava ali, acorrentada, curvada como se todo o peso do mundo tivesse decidido sentar no peito dela. O cabelo grudado no rosto, olhos grandes demais para o rosto fino. Sempre fora assim: olhares que pediram perdão antes mesmo da primeira palavra. Hoje não havia pedido que bastasse.
Aproximei-me devagar. O chicote estava enrolado na minha mão, pequeno e preciso, um instrumento de controle mais psicológico do que qualquer outra coisa. Segurei o cabo, senti o couro contra os dedos.
— Olha só quem veio te fazer companhia — zombeei, deixando o sotaque pesar nas palavras. — Sua cara tá cada vez pior, FIGLIA de puttana. Minha mãe deixou sua marca, mas hoje terei que destruir.
Ela levantou o rosto, cuspindo desculpas