Quando consegui respirar melhor e finalmente abri os olhos, encontrei a avó do Thomas me observando com uma mistura de preocupação e pena. Aquele olhar atravessou direto por todas as defesas que eu estava tentando manter erguidas.
— Você quer me dizer o que está sentindo?
Ela perguntou com a voz suave, mas aflita.
Eu abri a boca, tentando falar, mas nada saiu. Não existiam palavras para traduzir o que se passava dentro de mim. Era como tentar explicar um terremoto usando uma única frase. Mas apesar de não saber como falar, eu sabia exatamente o que pedir, não para o coração, mas para o estômago, que gritava por socorro.
— A senhora… poderia me dar algo para comer?
Minha voz saiu fraca, quase envergonhada.
— Eu não como desde ontem.
Os olhos dela se arregalaram como se eu tivesse contado o pior dos absurdos.
— Como assim você não come desde ontem?
Engoli seco.
— O homem que deveria me alimentar… não me alimentou.
Ela ficou indignada.
— Mas isso é um absurdo! Como o Thomas foi capaz