70. Feridas e palavras
Voltamos para dentro do castelo em silêncio. As portas altas se fecharam atrás de nós com um rangido grave, como se até as paredes antigas de Heits estivessem exaustas da noite que passamos.
Noctis caminhava ao meu lado, firme, atento. A presença dele me trazia um estranho conforto, como um abrigo silencioso que não exigia explicações. Às vezes, tudo o que eu precisava era isso — alguém que simplesmente estivesse ali, sem perguntas imediatas, sem julgamentos. Só… ali.
Meus pés descalços tocavam o chão frio do corredor. As pedras limpas pareciam muito mais sólidas do que eu me sentia por dentro.
Chegamos até a sala de visitas, uma das menores do castelo, mais íntima. Os criados ainda não haviam acordado ou talvez estivessem assustados demais para aparecer. As tochas acesas tremeluziam nas paredes, lançando sombras longas enquanto eu me sentava em uma das poltronas próximas à lareira.
A luz do fogo me aquecia por f