53. A caminho do templo de Ruyven.
O vento está mais frio do que os outros dias, o inverno está se aproximando. Estava no alto, muito acima da estrada que serpenteava entre colinas douradas e florestas densas. Por que, entre tantas coisas que eu preparei, esqueci um capuz? Levei a mão ao rosto, tentando proteger parte do que o frio insistia em tomar de mim, e soltei um suspiro frustrado.
Voar era, para mim, algo natural — como andar, como respirar. Mas naquela manhã, com o céu encoberto e as correntes instáveis, parecia que o mundo testava minha determinação. Ainda assim, não hesitei. Tinha uma missão. O colar apertado contra o meu peito, preso firme à faixa interna da blusa, parecia vibrar de tempos em tempos. Não fisicamente — era algo mais sutil. Como se reagisse à direção que eu tomava.
Foi quando olhei para baixo, em um ponto onde a estrada se abria entre rochas, que vi uma carruagem.
De início, não dei muita atenção. Mas algo no símbolo pintado em dourado chamou minha atenção. Um brasão… familiar. Estreitei os