106. O Eclipse
O céu, que até então permanecia acinzentado e pesado, escureceu de forma abrupta, como se a própria natureza houvesse decidido conter a respiração. A luz do sol, antes filtrada pelas nuvens espessas, foi lentamente engolida pela sombra crescente da lua, até que um manto absoluto de trevas cobriu o templo e a montanha.
O eclipse havia começado.
Em questão de segundos, a temperatura despencou. O ar ficou rarefeito, denso, e o templo mergulhou numa penumbra sobrenatural, onde as formas se desfaziam em vultos e as sombras se alongavam, inquietas, como criaturas vivas. O único vestígio de claridade vinha do brilho intenso da esfera metálica e das runas douradas espalhadas pelo chão, que agora resplandeciam com uma força ainda mais feroz, como se reagissem diretamente ao véu de escuridão que se instalava.
Ergui o olhar para o céu negro, onde a coroa de fogo do eclipse queimava ao redor da lua, como um anel de luz moribunda. Por