Capítulo 34.
GABRIEL CLARK NARRANDO:
A porta bateu atrás de mim, e só o som já me fez sentir como se tivesse levado um soco no peito. Encostei a testa na madeira fria e fechei os olhos. A respiração ainda descompassada. O corpo… em chamas. E o coração? Esse estava em guerra com a cabeça.
Droga.
O gosto do beijo dela ainda estava na minha boca. O calor da pele, a curva do corpo, o som que ela soltou quando a encostei na bancada… Tudo. Tudo em mim gritava que era só continuar. Que era só deixá-la ali, nos meus braços, onde eu queria que ela estivesse. Mas eu não podia.
Não com ela.
Não com Júlia.
Caminhei em direção ao meu quarto como se estivesse fugindo. Joguei o corpo na cama, virei pro lado, pro outro, e depois encarei o teto por longos minutos. Eu sabia que não ia dormir tão cedo.
Porque aquela mulher estava mexendo com partes de mim que eu achava mortas.
Porque ela me olhou como ninguém tinha olhado há anos.
Porque, por um instante, quando a segurei no colo, eu quase esqueci que não era mais