Léo
Ana fechou a porta atrás de si e cruzou os braços, o olhar afiado como uma lâmina pronta para cortar qualquer tentativa de aproximação. Eu já esperava essa resistência, mas não pretendia recuar.
— O que uma simples empregada teria para conversar com o patrão? — ironizou, o sarcasmo escorrendo de cada sílaba.
Seu tom debochado me irritou, mas eu mantive o controle. Se ela queria transformar isso em um jogo de provocações, eu sabia jogar. Mas hoje, eu queria algo diferente. Queria que ela me ouvisse. Queria que, pela primeira vez em anos, ela baixasse essa guarda que erguera contra mim.
— Ah, Ana… sabemos que você não é só uma simples empregada — respondi, apoiando as mãos no bolso da calça e a observando com calma. — Você é a mulher que sumiu da minha vida sem explicações. E agora volta, trazendo com você uma filha e agindo como se nada tivesse acontecido. Acha mesmo que posso ignorar isso?
Ela respirou fundo, desviando o olhar por um breve segundo. Peguei isso como um pequeno sina