Ana e Leonardo se conhecem desde crianças. Ana sempre foi apaixonada por Léo, porém, sendo filha da empregada, ela sabia que ele estava além do que ela poderia sonhar. Mas o improvável acontece: Léo e ela começam um romance. Leonardo é o filho mais velho da família Alcântara. Ele vai assumir o posto de seu pai como CEO da empresa, porém seu pai pede que ele se case antes com uma mulher de seu nível. Mesmo amando Ana, ele decide se casar com outra. O que Léo não sabe é que Ana já está grávida dele. Cinco anos se passam, Ana está de volta à cidade com sua filha, e Leonardo quer ter certeza se ela é ou não sua filha. E mais que tudo quer provar para Ana que não é mais o babaca que a abandonou.
Leer más— Não pode ser, Deus, não pode ser. — Escutei uma batida na porta.
— Ana, vamos, o intervalo acabou, o professor já deve estar na sala. — Geovana falou. Eu queria contar a ela, mas ela diria que eu era burra, e ela estaria certa. Eu era burra. Levantei e puxei o ar. Eu não ia chorar. Léo me amava, íamos nos casar, não precisava ter medo. Abri a porta e Geovana me analisou.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não, estou com medo da prova. — Ela revirou os olhos.
— Você tem que parar de se cobrar tanto, é a melhor aluna da turma. — Eu ri.
— Não diga isso em voz alta, capaz de Thiago sair das sombras e me desafiar a um duelo matemático. — Ela riu.
— Ele acha que ninguém é melhor que ele. Você viu ele questionando o professor? — Revirei os olhos.
— Ridículo isso. Se eu fosse o professor, o expulsaria da sala. — Saímos do banheiro e fomos para a sala.
A prova foi fácil. Geovana me levou para casa. Ela tinha uma condição financeira melhor que a minha, não que fosse rica como os Alcântaras, mas ainda assim podia ser considerada herdeira. Ela me olhou desconfiada.
— O que está acontecendo? — Ela sabia que eu escondia algo. Nunca fui de ficar quieta; sou falante no geral, falo até demais.
— Só cansaço. — Ela revirou os olhos azuis como o céu. Geovana era atípica: menina rica, pele clara, olhos claros, cabelos lisos castanho-claros. Tudo nela indicava que vinha de uma família de posses, apesar de não agir dessa forma.
— Pensei que Helena tinha te dispensado para que focasse nas provas. — Eu e minha boca grande.
— E eu foquei, estudei até tarde ontem. — Não era uma mentira completa.
— Se você diz, tudo bem. — Ela deu de ombros. — Tem certeza que não quer ir almoçar comigo e com meu pai?
— Não, obrigada. Como foi a última prova, eu vou voltar para o trabalho. Dona Helena tem sido muito bondosa, não quero abusar. — Ela deu de ombros novamente.
— Ana, você tem que parar de ser tão certinha. — Eu sorri e abri a porta do carro.
— E você tem que parar de ser uma má influência. — Ela riu.
Assim que Geovana sumiu com o carro, me virei e fui atrás de uma farmácia. Queria ter certeza da gravidez antes de contar ao Léo. Imaginei que seria uma confusão quando descobrissem sobre nós. Mas Dona Helena sempre foi gentil comigo, não iria se opor ao nosso casamento. Agora, Senhor Paulo...
Nem queria pensar em como o Senhor Paulo reagiria. Talvez ele fosse contra o meu casamento com Léo, ou talvez a minha gravidez amolecesse o coração dele. Comprei mais dois testes. Seria melhor não ter nenhuma dúvida. Coloquei os testes na bolsa e voltei para a mansão. Por um momento, enquanto olhava aquela casa enorme, senti um frio na barriga. O bebê que carregava agora era um dos donos de tudo isso. E o medo começou a me sufocar. E se Dona Helena pensasse que eu engravidei de propósito? E se Léo achasse isso?
Não, ele não pensaria isso. Ele me conhecia desde pequena, e ele me amava. Sabia que me amava. Ele nunca acharia que eu era uma golpista. Com esse pensamento, entrei na casa. Assim que entrei, vi uma movimentação estranha. Josefa andava de um lado para outro, floristas estavam pela casa e outras pessoas que eu nunca tinha visto.
— Que bom que chegou! — Josefa falou. — Estou ficando louca, Dona Helena decidiu dar um jantar de noivado esta noite. É apenas para os pais da noiva, mas ela está me deixando doida.
— Noivos?! — Quem estava noivo? Josefa já estava andando para a cozinha. — Josefa, quem está noivo? Do que está falando?
— O menino Leonardo, ele pediu a mão de Mariana em casamento. — Senti meu coração desacelerar e tudo se tornou escuro.
Quando acordei, estava no sofá da sala. Dona Helena e Josefa estavam ao meu lado com olhares apreensivos.
— Ela acordou! — Josefa falou aliviada.
— Ana, como está? — Dona Helena me perguntou, mas eu não tinha a resposta. Léo estava noivo de Mariana. Ele nem a suportava; ela sempre correu atrás dele, e ele correu dela. Em que momento isso mudou?
— Cansada. Posso ir para meu quarto? — Dona Helena me olhou desconfiada.
— Chamei o médico. Josefa me falou que você tem se alimentado mal. Eu sei que se preocupa com as provas, mas precisa se cuidar, Ana. — Ela me repreendeu.
— Não precisa de médico. Dormi tarde ontem, estudando. É só cansaço. Umas horas de sono e ficarei bem. — Ela concordou com a cabeça.
— Tudo bem, mas coma algo antes de se deitar. — Ela falou e saiu. Josefa me encarou.
— Foi porque falei do noivado, não é? — Ela sussurrou. — Eu te disse, menina, que essa sua paixão por ele não te faria bem. Eles não se casam com as empregadas. Nunca se casam com elas.
Fui para meu quarto e entrei no banheiro. Assim que os três testes deram positivo, eu soube que estava com problemas. Mandei mensagem para o Léo; ele me devia uma explicação.
Mas ele não me respondeu, e também não respondeu as outras vinte mensagens que mandei. Decidi ir até o quarto dele esperá-lo lá. O aguardei por uma hora até que ele apareceu. Seus olhos azuis caíram sobre mim.
— Você está com uma cara péssima, Ana. — Ele falou fechando a porta. — O que faz aqui?
— Sua mãe está preparando um jantar de noivado. Me disseram que pediu Mariana em casamento. A Mariana, Léo? — Ele puxou o ar e revirou os olhos.
— Estou na idade de casar. Se não fosse ela, seria outra. Ela ao menos me adora. — Ele falou em um tom comum, como se não tivéssemos nada, como se não me devesse nada.
— E eu, Léo? — Ele deu de ombros.
— O que tem você? — Senti meu coração acelerar. — Ana, você não achou que a gente seria mais que amantes, não é?
— Amantes? — Ele balançou a cabeça.
— Podemos continuar com isso. Não amo a Mariana, ela só preenche os requisitos que preciso. — A forma fria como ele falou aquilo me fez ver o quão idiota eu fui.
— Léo...
Eu ia contar, ia dizer a ele que estava grávida, mas não reconhecia esse homem que estava na minha frente. Ele era só um babaca, mesquinho.
— O que, Ana? — Ele se aproximou e eu me afastei.
— Nada. Eu entendi o meu lugar. Com licença. — Falei, indo até a porta.
— Ana, sabe que gosto de você, mas eu nunca poderia me casar com você. — E ele deu a última facada.
— Seja feliz, senhor Leonardo. — Falei saindo daquele quarto, e antes daquele noivado pretendia estar o mais longe possível daquele homem, daquela família.
AnaA luz suave das luminárias do quarto de hotel banhava as paredes brancas, criando sombras dançantes que se misturavam ao brilho da cidade lá fora, visível através das janelas amplas. Nossa lua de mel era um oásis, um refúgio depois de tudo o que Léo e eu havíamos enfrentado — as cicatrizes do passado, a dor da perda, a alegria de recuperar nossa filha e construir nossa família. Emily estava com Dona Helena, provavelmente espalhando lápis de cor e risadas pela mansão, enquanto nós tínhamos esse momento para nos redescobrir. O ar condicionado sussurrava, refrescando a pele aquecida pelo desejo que crescia entre nós. Eu ajustava o biquíni leve, o tecido branco abraçando minhas curvas, enquanto caminhava descalça pelo carpete macio do quarto, os olhos fixos em Léo, que estava recostado na cama king-size, o corpo bronzeado contrastando com os lençóis brancos, os músculos relaxados, mas alertas, como se ele soubesse o efeito devastador que tinha sobre mim.— Tá gostando da vista? — pergu
AnaO sol da manhã entrava pelas cortinas da casa da piscina, lançando sombras suaves no espelho onde eu ajustava o vestido branco. Era simples, mas elegante, com renda delicada nos ombros e uma saia fluida que dançava ao redor dos meus joelhos. Meus dedos tremiam enquanto prendia o cabelo em um coque solto, uma mecha caindo sobre o rosto. Hoje era o dia do nosso casamento, mas antes, Léo e eu tínhamos uma missão ainda mais importante: contar a Emily que ele era seu pai. As semanas desde a noite na praia haviam sido um redemoinho de emoções — alívio por ter Emily de volta, luto pelo destino incerto de Mariana, e uma esperança crescente de que Léo e eu poderíamos reconstruir o que o passado quase destruiu.No reflexo do espelho, vi Dona Helena entrar no quarto, segurando um pequeno buquê de margaridas. Seus olhos brilhavam com lágrimas contidas, e ela sorriu, colocando a mão no meu ombro.— Você tá linda, Ana — disse, a voz suave. — O Léo não vai saber o que o atingiu.Ri, o nervosismo
AnaO carro voava pela estrada, o asfalto desaparecendo sob os pneus, mas cada segundo parecia uma eternidade. Meu coração batia descontrolado, o pânico me sufocando enquanto eu olhava para a escuridão à frente. Léo dirigia ao meu lado, o rosto tenso, os nós dos dedos brancos no volante. O som das ondas ao longe era um lembrete cruel do que estava em jogo. Minha filha, minha Emily, estava com Mariana, uma mulher consumida por mágoa e vingança. Eu me agarrava à mão de Léo, tentando encontrar força, mas o medo de perder minha menina era uma corrente que me puxava para baixo.Chegamos ao trecho isolado da praia, o farol do carro iluminando a areia. Meu coração parou quando vi Emily, brincando calmamente perto da água, desenhando com um graveto na areia. Ela parecia alheia ao perigo, o vestido rosa balançando com a brisa. Ao lado dela, Mariana estava de pé, a silhueta rígida contra o mar escuro. O alívio de ver Emily viva colidiu com o terror de saber que ela ainda estava com aquela mulhe
LéoO crepúsculo pintava o céu de laranja e rosa quando paramos na frente da casa da piscina, o motor do carro silenciando com um suspiro. Ana estava ao meu lado, o rosto suavizado pela esperança tímida que crescia entre nós após o dia no escritório, planejando como contar a Emily que eu era seu pai. Sua mão havia tocado a minha no carro, um gesto pequeno, mas que reacendia algo que eu pensava ter perdido para sempre. Meu coração batia forte, não apenas pela conversa iminente, mas pela possibilidade de reconstruir o que destruí anos atrás. Enquanto caminhávamos para a porta, eu sentia o peso da responsabilidade — por Emily, por Ana, por nós.Ao entrar, o ar mudou. Minha mãe, estava na sala, ela por um momento pareceu procurar algo atrás de nós.— Léo, Ana, graças a Deus! — exclamou ela, a voz trêmula, algo que eu raramente ouvia. — Onde tá a Emily?Ana franziu o cenho, e eu senti um frio percorrer minha espinha.— Como assim, mãe? — perguntei, a voz tensa, enquanto Ana ficava rígida a
AnaO sol da manhã entrava pelas janelas da casa da piscina, iluminando o chão onde Emily havia espalhado seus lápis de cor na noite anterior. Eu segurava uma xícara de chá, o vapor subindo em espirais, mas minha mente estava longe, presa na conversa com Léo e na verdade que agora nos unia — e nos dividia. Ele sabia que Emily era sua filha, e eu sabia que não podia mais adiar a decisão de como seguir em frente. Mas meu coração ainda era um campo de batalha, dividido entre o amor que nunca morreu e o medo de ser machucada novamente.Emily entrou correndo na sala, segurando um desenho novo.— Mamãe, olha! É uma casa com um jardim! — disse ela, os olhos brilhando de orgulho.Eu sorri, ajoelhando-me para ver melhor.— Tá lindo, meu amor. É pra quem?— Pro tio Léo! — respondeu ela, sem hesitar, e meu coração apertou. “Tio Léo.” Ela o adorava, mas ainda não sabia a verdade. Como contar a uma criança de cinco anos que o homem que ela chamava de tio era, na verdade, seu pai?— Ele vai adorar,
LéoO café estava agitado, o murmúrio das vozes misturando-se ao aroma quente de café fresco que pairava no ar. Mariana estava sentada numa mesa ao fundo, o cabelo preso num coque frouxo, o rosto mais magro do que eu lembrava, com linhas de tensão que traíam sua fachada calma. Ela ofereceu um leve sorriso quando me aproximei, mas o gesto não alcançava seus olhos, que brilhavam com uma determinação fria, quase calculada. Sentei-me, mantendo uma distância emocional e física, o peso da revelação sobre Emily ainda pulsando em minhas veias, misturado com a raiva do teste de DNA que fiz pelas costas de Ana.— Obrigada por vir, Léo — disse ela, apontando a cadeira à sua frente, a voz suave, mas carregada de uma intenção que eu não conseguia decifrar.— O que você quer, Mariana? — perguntei, sem paciência para rodeios. Depois da conversa com Ana, do momento em que confirmei que Emily era minha filha, minha mente era um turbilhão, e eu não tinha energia para jogos.Ela respirou fundo, os dedos
Último capítulo