Kairós
Os dias se arrastavam em uma tortura lenta e implacável, cada amanhecer trazendo consigo a certeza de mais sofrimento. Não tinha mais noção do tempo, as horas se fundindo em uma névoa de dor e exaustão.
Meu corpo implorava por descanso, mas Marcelo não me concedia trégua. Todos os dias, ele retornava com um brilho sádico nos olhos, pronto para infligir mais agonia.
A porta enferrujada rangeu, revelando a silhueta de Marcelo contra a luz fraca do corredor. Ele adentrou o quarto com um sorriso largo e forçado, a máscara de normalidade que usava para o mundo exterior completamente desfeita.
— Pronto para mais um dia de diversão, Kairós? — perguntou, a voz carregada de um sarcasmo venenoso que me dava ânsias. Seus olhos percorreram meu corpo debilitado, como um predador avaliando sua presa.
Um calafrio percorreu meu corpo, não pelo frio do galpão empoeirado, mas pela antecipação da dor que suas palavras prenunciavam. Mantive o olhar fixo no chão, tentando esconder o medo que insis