Kairós
Uma decisão havia sido tomada, e eu já arrumava minhas coisas para partir. Por mais que Lia tivesse suplicado para que eu ficasse, a situação havia se tornado insuportável. Eu não podia me manter entre Lia e Esmel. Havia matado o pai dela, e sabia que o perdão jamais viria, que as coisas jamais seriam as mesmas. Partir era a única saída sensata.
Quase terminava de ajeitar as últimas peças de roupa na mala quando a porta do quarto se abriu, revelando Lia.
— O que está fazendo? — perguntou ela, a voz embargada ao ver a mala aberta.
— Não está vendo? Estou arrumando a mala para ir embora. Como eu disse, estou disposto a partir para a felicidade de Esmel — respondi, sem rodeios.
Para minha surpresa, um sorriso sutil surgiu em seus lábios. Estranhei. Estaria ela feliz com a minha partida?
— Por que está sorrindo? Por acaso está feliz por eu ir embora? — indaguei, a voz carregada de uma seriedade quase gélida.
Ela se aproximou, os braços envolvendo meu pescoço em um gesto familiar.
—