Lia, uma jovem mãe de 25 anos, foge de sua cidade natal com sua filha de 6 anos, Esmeralda, após anos de abuso físico e emocional por parte de seu marido, Marcelo. Ela busca refúgio em uma pequena cidade no interior do México, onde começa a reconstruir sua vida. No entanto, sua nova vida é perturbada quando ela conhece Kairós, um charmoso e divertido professor de escola primária que se torna seu vizinho. Kairós é um solteirão convicto, mas sua vida muda quando ele conhece Lia e Esmeralda. À medida que Lia e Kairós se aproximam, eles enfrentam desafios, como o passado traumático de Lia e a perseguição de Marcelo, que não aceita a perda de sua esposa e filha. Enquanto isso, Lia começa a redescobrir sua autoestima e aprender a amar novamente, graças à ajuda de Kairós e sua família. Esmeralda também encontra um amigo e mentor em Kairós.
Leer másLia Perroni
Eu nunca pensei que fugiria de minha própria vida. Mas aqui estou eu, sentada no banco do passageiro de um ônibus, com minha filha Esmeralda dormindo ao meu lado. Eu olhei para trás, para a cidade que deixei para trás. A cidade onde eu conheci Marcelo, o homem que prometeu me amar para sempre, mas que me transformou em uma prisioneira em minha própria casa. Nós nos conhecemos em uma festa, e ele foi charmoso e atencioso. Eu era uma jovem e ingênua, e acreditei que ele era o amor da minha vida. Mas logo após o casamento, tudo mudou. Ele se tornou controlador e possessivo, e eu comecei a perder minha liberdade. Me lembro perfeitamente da primeira vez que ele me bateu. Eu ainda estava grávida de Esmeralda, e ele estava bêbado. "Você é minha", ele disse, enquanto me batia. Eu pensei em fugi, mas o medo dele me encontra e acaba sendo pior, me fez acovardar. Mas desta vez, eu estava determinada a escapar. O ônibus parou em uma pequena cidade no interior do México. Eu nunca havia estado aqui antes, mas era o lugar perfeito para começar de novo. Eu peguei a mala e a mão de Esmeralda, e descemos do ônibus. — Mamãe, para onde vamos? — perguntou Esmeralda, olhando para mim com olhos curiosos. Eu sorri para ela, tentando transmitir confiança e segurança. — Vamos começar uma nova vida, meu amor! Um lugar onde seremos felizes e livres. Esmeralda olhou para mim com um misto de excitação e medo. — E papai? Ele vai nos encontrar? Eu senti um aperto no coração ao ouvir a menção ao nome de Marcelo. — Não, meu amor. Ele não vai nos encontrar. Estamos seguras agora. Esmeralda assentiu, parecendo aceitar minha resposta. — Estou feliz em estar com você, mamãe. Eu abracei-a forte, sentindo uma onda de amor e gratidão. — Eu também estou feliz em estar com você, meu amor. Enquanto segurava Esmeralda, olhei em volta e vi a cidade pequena e acolhedora. Era um lugar perfeito para começar de novo. — Vamos encontrar um lugar para morar e começar nossa nova vida — disse eu, sorrindo para Esmeralda. Ela sorriu de volta e pegou minha mão. — Vamos, mamãe! Nós caminhamos pela cidade, procurando por um lugar que fosse seguro e acolhedor. Depois de algumas horas, encontramos uma pequena casa com um jardim lindo. — É aqui! — disse eu, sentindo uma sensação de paz. Esmeralda concordou e nós entramos em contato com o proprietário, um homem gentil chamado Sr. Morales. Enquanto assinávamos o contrato, um homem jovem e charmoso apareceu na porta. — Kairós, meu sobrinho — disse Sr. Morales. — Ele é professor aqui na cidade. Kairós sorriu e se aproximou de nós. — Prazer em conhecê-las. Eu senti um arrepio ao olhar para ele. Havia algo em seus olhos que me fazia sentir segura. — Prazer — disse eu, tentando esconder meu nervosismo. — Sou Lia, e essa é a Esmel, minha filha. — nos apresento. — Muito linda sua filha, é a senhora também, com todo respeito — disse Kairós com um sorriso. Esmeralda também se sentiu à vontade com Kairós e começou a conversar com ele sobre sua escola. Enquanto observava a cena, eu me senti grata por ter encontrado um lugar tão acolhedor e pessoas tão gentis. Depois finalmente nos acomodar na nova cama, começo a minha busca por trabalho. Eu precisava encontra algo é rápido, estou com pouco dinheiro e ainda tenho que comprar mantimentos para dentro de casa e roupas para Esmel e para mim, por sorte a casa que aluguei era é toda emobiliada. Depois de passa horas buscando, encontro uma vaga, tomo um banho e corro com Esmel, para o local que estava contratando. A loja era encantadora e a proprietária, Sra. Garcia, bastante simpática. — Estou procurando alguém para ajudar com o atendimento e organização da loja — disse ela. Eu sorri. — Estou confiante de que posso fazer isso. A entrevista foi bem, e Sra. García me ofereceu o emprego na hora. — Você começa amanhã! — disse ela. Eu fiquei radiante. Era o começo de uma nova vida. Quando saímos da loja, Esmeralda me abraçou. — Estou tão orgulhosa de você, mamãe! Eu abracei-a de volta. — Obrigada, meu amor. — Mamãe, posso tomar sorvete? — perguntou ela, apontando para a sorveteria. Eu assenti com a cabeça, atravessamos a rua para irmos para a sorveteria. Dentro da sorveteria, Esmeralda escolheu um sorvete de morango e eu escolhi um de chocolate. Enquanto comíamos nossos sorvetes, Kairós apareceu na porta da sorveteria. — O quê! uma deliciosa surpresa! — disse ele, sorrindo. Esmeralda sorriu e ofereceu-lhe um pouco do seu sorvete. — Obrigado, Esmeralda! — disse Kairós. Eu senti meu coração bater mais rápido novamente. — O que você está fazendo aqui? — perguntei. — Estava passando pela rua e vi vocês duas aqui — respondeu Kairós. Nós conversamos por alguns minutos, e eu me senti cada vez mais à vontade com Kairós. Esmeralda também parecia feliz com a presença dele. — Você acha que eu conseguiria uma vaga, para Esmel na escola, assim tão encima? — pergunto. — Irei te ajuda com isso, vou conversa com a diretora, é amanhã você leva ela. — disse Kairós. Eu senti um alívio imenso. — Obrigada, você tem sido bastante amigável comigo — eu digo, sem graça. Kairós sorriu. — É um prazer ajudar. Além disso, vocês duas são especiais — disse ele. Eu senti meu coração bater mais rápido novamente. — Obrigada — eu disse, tentando esconder meu nervosismo. Nos despedimos de Kairós e voltamos para casa. — Mamãe, amanhã eu vou para escola? — perguntou Esmel. — Sim querida, vai e fará muitos amigos. — digo sorrindo. — Estou com sono! — disse ela, coçando os olhos. Eu a peguei no colo. — Tudo bem minha porquinha, vamos tomar um banho, antes de ir dormir. Dou um banho nela e a coloco na cama. — Boa noite, mamãe. — disse ela, antes de fechar os olhos e dormir. Beijo sua testa. — Boa noite, minha princesa — digo fechando a porta do quarto.Cinco anos depois...Lia PerroniO abraço com Esmel no aeroporto marcou o verdadeiro ponto de virada em nossas vidas. Naquele momento, com minhas malas jogadas no chão e minhas filhas nos braços, eu soube que a família que eu tanto desejava, ainda que imperfeita, finalmente havia se completado. Kairós estava ao meu lado, um sorriso tranquilo no rosto, observando a cena que selava nosso recomeço.Os primeiros meses após a lua de mel e o retorno para casa foram de adaptação. Esmel, com a visão totalmente recuperada, começou a se ajustar à nova realidade. Não foi fácil. A sombra do passado ainda pairava, e o processo de perdão era lento, gradual. Kairós, paciente e compreensivo, nunca forçou a barra. Ele sempre esteve ali, presente, oferecendo seu apoio em silêncio, participando das atividades de Esmel, levando-a à escola, jogando no quintal. Eva, nossa pequena e radiante, foi a ponte. Com sua inocência e alegria, ela desarmava qualquer tensão, unindo a todos com seu amor incondicional.
Lia PerroniAcordei com o sol de Cancún invadindo o quarto, filtrado pelas cortinas leves. O cheiro de maresia e a brisa suave que entrava pela varanda eram um convite à preguiça. Kairós estava ao meu lado, os braços envolvendo minha cintura, o rosto sereno no travesseiro. A noite anterior havia sido intensa, um turbilhão de emoções e desejo que selou nosso novo começo.Com cuidado para não acordá-lo, virei-me em seus braços, admirando a calma de seu sono. Nunca pensei que encontraríamos a paz e a felicidade depois de tudo. A vida com Kairós, Esmel e Eva era a família que eu sempre sonhei, imperfeita, mas real e cheia de amor.Ele remexeu-se e abriu os olhos, um sorriso sonolento surgindo em seus lábios.— Bom dia, esposa — sussurrou, a voz rouca.— Bom dia, marido — respondi, beijando seu queixo. — Dormiu bem?— Como um anjo. Ou melhor, como um homem recém-casado, feliz da vida. — Ele me apertou mais contra si. — O que faremos hoje? Temos que aproveitar cada segundo.— Pensei em algo
Lia PerroniNo táxi, a caminho do aeroporto, Kairós apertou minha mão.— Pronta para Cancún? — ele perguntou, um sorriso largo iluminando o rosto.— Mais do que pronta — respondi, sentindo a adrenalina da viagem e a leveza de finalmente termos um momento só para nós.O voo para Cancún foi tranquilo, mas repleto de uma excitação contida. Sentados lado a lado, observei a paisagem da minha cidade diminuir através da janela do avião. Kairós segurou minha mão durante a decolagem, e eu me inclinei em seu ombro, sentindo a paz que só a presença dele me trazia.— Pensando em quê? — ele sussurrou, beijando meu cabelo.— Em tudo. Em como chegamos até aqui. Parece um sonho, não é? Há pouco tempo, eu estava correndo desesperada para impedir a Esmel de ir embora, e agora… agora estamos indo para nossa lua de mel. — Um sorriso bobo surgiu em meus lábios.Kairós riu suavemente— É a prova de que o amor, mesmo no caos, sempre encontra um caminho. E as meninas? Estão bem, não estão?— Estão sim. Esmel
Lia PerroniOs dias foram se passando e, de verdade, as coisas aqui em casa não podiam estar melhores. A Esmel estava oficialmente recuperada da visão, o que por si só já era um milagre, e as coisas entre ela e Kairós estavam começando a fluir de um jeito que eu mal podia acreditar. Não digo que ela o aceitou totalmente, a dor da perda do pai ainda era uma sombra, mas ela já não o tratava com tanta indiferença como antes. Pequenos gestos, um olhar menos duro, um silêncio menos carregado cada um desses sinais era uma vitória para mim. A vida, de repente, parecia querer nos dar uma segunda chance.E falando em dar um grande passo, eu estava prestes a dar o meu.Isso mesmo. Vou me casar.Eu estava na porta da igreja, o coração batendo forte no peito, prestes a entrar. Kairós já me esperava no altar, e a imagem dele lá, imponente e com um sorriso que iluminava o ambiente, fez um calor se espalhar por mim. Toda a nossa família estava reunida para esse tão esperado momento: meus ex-sogros,
KairósUma decisão havia sido tomada, e eu já arrumava minhas coisas para partir. Por mais que Lia tivesse suplicado para que eu ficasse, a situação havia se tornado insuportável. Eu não podia me manter entre Lia e Esmel. Havia matado o pai dela, e sabia que o perdão jamais viria, que as coisas jamais seriam as mesmas. Partir era a única saída sensata.Quase terminava de ajeitar as últimas peças de roupa na mala quando a porta do quarto se abriu, revelando Lia.— O que está fazendo? — perguntou ela, a voz embargada ao ver a mala aberta.— Não está vendo? Estou arrumando a mala para ir embora. Como eu disse, estou disposto a partir para a felicidade de Esmel — respondi, sem rodeios.Para minha surpresa, um sorriso sutil surgiu em seus lábios. Estranhei. Estaria ela feliz com a minha partida?— Por que está sorrindo? Por acaso está feliz por eu ir embora? — indaguei, a voz carregada de uma seriedade quase gélida.Ela se aproximou, os braços envolvendo meu pescoço em um gesto familiar.—
Lia PerroniAbracei Esmel forte em meus braços, com medo de que tudo não fosse apenas um sonho, de que ela desaparecesse se eu a soltasse. Meu coração batia como um tambor.— Mamãe, pode me soltar? Está me apertando! — ela disse, a voz abafada.Eu a soltei, dando um sorriso sem jeito.— Desculpa, meu amor. É que estou tão feliz! Finalmente te tenho de volta em meus braços. Obrigada por ficar, por fazer parte da minha vida — eu disse, sentindo as lágrimas escorrerem novamente.— Também quelo abraço! — Eva disse, toda felizinha, vindo correndo ao nosso encontro.Sorri e abri os braços para abraçá-la também. Esmel se juntou ao abraço, apertando a irmãzinha.— Oba! — Eva gritou, arrancando risadas de todos nós. Era um som que parecia curar as feridas do meu peito.— Ei, pessoal, por quanto tempo mais vão ficar aí sentados no chão? — meu ex-sogro, pai do pai da Esmel, perguntou, e só então me dei conta de que ainda estávamos no chão do aeroporto, chorando horrores.Sem jeito, me levantei
Último capítulo