LEWIS LUTTRELL
Quando Kendra me contou tudo, não foi com palavras ensaiadas. Foi com pausas. Com silêncios que diziam mais do que qualquer frase. Ela estava sentada no sofá, os joelhos juntos, as mãos entrelaçadas como se tentassem segurar o que restava de controle. E eu ali, ao lado dela, ouvindo cada fragmento da história que ela nunca havia compartilhado — nem comigo, nem com ninguém.
Kevin. O irmão. A violência. A culpa. O julgamento da própria família. A dor que ela carregava como uma cicatriz invisível, mas profunda. E eu, que sempre achei que a conhecia por completo, percebi o quanto ainda havia por trás dos olhos dela.
Não tentei interromper. Não tentei consolar com frases prontas. Apenas ouvi. Porque às vezes, o maior gesto de amor é o silêncio atento.
Quando ela terminou, havia uma vulnerabilidade crua no ar. Como se ela tivesse se despido emocionalmente e não soubesse se eu seria capaz de lidar com o que via. Eu toquei sua mão. Estava fria. E frágil. Mas firme, como quem ai