Uma noite inesquecível. Um encontro inesperado. Kendra e Lewis se vê envolvidos em uma paixão avassaladora que desafia todas as regras por ele estabelecidas. No entanto, segredos e intrigas do ameaçam separar o casal. Em meio a jogos de poder e desejos, Kendra deve decidir se está disposta a arriscar tudo por um amor que pode mudar sua vida para sempre.
Ler maisKENDRA HAYES
Sempre fui uma mulher de espírito solitário. Ter ou não pessoas do meu lado, é algo que não me importa, pelo menos não mais. No fim das contas cada um acaba por seguir com a sua própria vida e mesmo sendo doloroso para mim, faço o mesmo. Até porque desde cedo tive de aprender a acostumar-me e gostar da minha própria companhia. Hoje é a terceira noite que venho para esse bar, o famoso no fim da rua. A verdade é que o meu passado tem-me perturbado um pouco nos últimos dias, essa sombra tem-me feito refletir bastante sobre as repercussões que a minha vida tomou, e sinceramente, após a dias anteriores ter estado aqui, ao analisar o movimento das pessoas, percebi que algumas delas sempre estão a desabafar, outras lidando com as próprias companhias ou mesmo os seus fantasmas. Isso fez-me concluir que por mais que eu não seja a única solitária do lugar, não faz com que eu seja menos deprimida. Em alguns momentos é ótimo ser egoísta com os sentimentos. — Mais um copo, por favor — empurro o copo já vazio do licor de Amarula e olho em volta. O lugar não deixa de ser agradável mesmo estando no fundo da rua, com o ambiente um pouco escuro e com uma música de fundo, Jazz melancólico. Cada pessoa no seu canto lidando com os seus próprios problemas. É o tipo de lugar em que pelo menos uma vez na vida, alguém precisa estar. Não me surpreende que até aos meus 26 anos eu seja ainda mais solitária. A vida avança de forma esquisita para mim. Sou sempre eu e minha própria companhia, é claro que eu gosto disso, mas tem vezes em que é tudo tão assustador. Fiz escolhas difíceis e assim me afastei de grandes amizades, nunca consegui mante-las, quando conhecia alguém e nos dávamos bem a ponto de ter grande afinidade, algo em mim despertava e eu não conseguia mais ser a mesma pessoa, me tornava distante. Eu pareço ser o ponto final na vida das pessoas, quando estou por perto às coisas parecem tão negativas, e bom, isso deve ser pela minha essência tão pessimista. Não consigo passar o mínimo de tempo possível sem me afundar no caos que há em minha mente, há sempre algo borbulhando nela. Certeza que se hoje sou mesmo próxima de alguém, deve ser porque ela me ama demais e não tem noção do perigo, por isso continua do meu lado, irrelevando tudo. — Aqui — recebo o copo que o bartender me estende e dou um leve gole, pensativa. Girando lentamente o líquido de cor creme, um "branco sujo" e de cheiro agradável e tentador, mantenho meu olhar sobre o cubo de gelo que lentamente derrete. Não faço ideia do momento em que comecei a gostar de Amarula, porque até tempos atrás, eu achava enjoativa e demais para mim. Até a dias anteriores, ainda não tinha recorrido ao álcool para aguentar a vida, mas desta vez me dei ao capricho de quebrar um princípio meu. É algo que evito principalmente pela minha natureza reprimida, quando consumo bebidas alcoólicas até que o efeito se sobressaia, todas as minhas emoções vêm à tona, exprimo tudo sem deixar de lado qualquer detalhe e isso vale em todos os casos, porque em algum momento tenho consequências que ferram com o meu psicológico, e acima de tudo com pessoas que fazem parte da minha vida. Corro meu olhar por todo o bar e instanteamente o pouso no homem sozinho no canto. O encaro até que, rapidamente, nossos olhares se cruzam, se penetrando num olhar intenso e profundo que por segundos parecem horas. Talvez seja o efeito do álcool que esteja criando essa suposta conexão de olhares, é estranho. Num gesto extremamente sexy, ele sorri de lado me deixando um pouco constrangida. Retribuo hesitante e ele ergue seu copo na minha direção em um brinde, faço o mesmo antes beber o líquido do meu copo. Nunca fui muito boa em flertes, portanto, todas as vezes que pudesse evitar, o fazia. Sigo perdida nos meus pensamentos por alguns minutos, até sentir alguém ocupar o banco do meu lado com um suspiro longo. — Posso fazê-la companhia? — Viro o olhar para a voz dócil, leve e ao mesmo tempo tão grave do homem que estava do outro lado, no canto, que soa aos meus ouvidos e rapidamente um calafrio se apodera do meu corpo. É um meio termo quanto a voz. Com indiferença, apenas dou de ombros e assim ele o faz, dando a impressão de que independente da minha resposta, ele ficaria. — Pensando na vida nem — começa ele — Alguma decepção amorosa? Quem dera fosse algo tão simples quanto um problema de relacionamentos amorosos, o meu fantasma decepcionante ressuscitou e odiei ouvi-lo. Ponderei por alguns segundos antes de o encarar. Com certeza está puxando papo comigo. Típico papo. —Nenhuma decepção amorosa — dou uma risada sarcástica, provavelmente por estar um pouco alterada devido ao álcool, já que tinha bebido umas quantas rodadas — E quanto a vida, estou mesmo refletindo sobre como vou continuar lidando com ela, é uma completa merda, pelo menos a minha. Sussurro a última parte, porque não é de todo verdade. — Concordo — assente bebendo o líquido castanho transparente do seu próprio copo, uísque — Só coisas como essas podem fazer uma mulher tão linda estar num bar como esse e sozinha. — Esse é seu jeito de paquerar? — pergunto dando novamente uma risada sarcástica, enquanto cruzo as pernas devido ao repentino formigamento entre elas. Ele é bonitinho até. Não, sinceramente, bonitinho ou até mesmo bonito é um insulto. Apesar do look despojado, ele é lindo. O cabelo escuro está maravilhosamente bagunçado, não parece ter muita diferença de idade comigo, apesar da iluminação consigo perceber que os lábios são um pouco rosados e as laterais se contorcem com alguns riscos quando sorri. Cheira a dinheiro, as mãos bem cuidadas, vestido de camiseta de malha branca de marca e um blazer preto por cima. Sem dúvidas, ele impressionava facilmente e eu faria parte de alguma lista imaginária que aumenta seu ego. — Não — ri negando — só quero ter uma conversa decente. Sabe, é melhor do que ficar sozinho ali, e além disso acho que ambos precisamos de alguma companhia. Com a cabeça aponta o canto em que antes estava sentado. Confesso que neste momento uma onda de curiosidade se move em mim, para saber o que ele estaria fazendo ali, sozinho. — E você está aqui porquê? — me viro mais para ele, dando-o toda uma atenção e possível brecha. — Estou aqui para pensar também. As coisas na vida não estão fáceis — dá de ombros como se não fosse nada, no entanto sua expressão parece se tornar mais séria e pensativa. Ergo o meu copo em um brinde: — A essa vida de merda, então. Depois disso é só uma questão de tempo até que a conversa flua. Eu estou um pouco bêbada, isso é claro e ele também, então conversámos muita coisa. Das coisas mais bobas até as mais sérias – sem ir muito para o lado pessoal, claro – e vice-versa. No meio desse papo, fica claro que há segundas intenções. Eu mesmo com álcool no sangue tenho noção dos meus limites e transar com alguém assim, ultrapassava se calhar até demais. Será que estou pronta para dar esse tipo de passo? — Faz mais de um ano que não fico com alguém — falo do nada e logo sorrio parecendo pensativa — será que estou virgem de novo? É algo idiota, mas nos faz explodir numa gargalhada como se fosse a melhor piada do mundo. Incrivelmente me sinto bem, de vez em quando é necessário rir de coisas nada a ver, e esse é o meu consolo, alguns momentos de loucura. Os risos cessam e o silêncio se instala, com isso percebo a minha intenção também, eu quero ficar com ele. Ele quer, eu quero, nós queremos, então porque não? Abrindo a porta do meu apartamento, e apoiando meus pés um no outro, tiro os saltos sem me afastar dele ou soltar os seus lábios que parecem querer me sugar de tanta ferocidade. Ainda agarrados o guio para o meu quarto, enquanto desesperadamente nos despimos um ao outro. Retiro minha saia para ficar só com roupa íntima e rapidamente ele me carrega para seu colo enquanto caminha até a cama me deitando nela logo em seguida. Meu jardim estava florescendo. Eu estava completamente excitada e tinha certeza de que minha expressão exalava isso. Ele por outro lado, também me olhava com o desejo ardente nos seus olhos, e então num acto sagaz me beijou novamente. Sua língua se completa com a minha numa perfeita dança e seus lábios colados aos meus são tão quentes, que quando ele os separa, gemo inconformada. No entanto um tremor se apodera de mim ao sentir leves mordidas na lateral do meu rosto, aos poucos ele deixa leves e castos beijos sobre ele, até descer para o meu pescoço. Sinto a respiração quente e ofegante dele, e num gesto inconsciente me esfrego mais nele, sentindo minha intimidade formigar. Ele aproveita a deixa para retirar meu sutiã que contém o fecho na parte de frente, facilitando assim o processo. Com uma mão ele apalpa um seio meu carinhosamente, enquanto abocanha de forma sexy o outro. Lentamente passa a língua sobre o mamilo fazendo alguns círculos no mesmo. Sedenta de prazer enlaço com minhas pernas a cintura dele, passando minhas mãos por suas costas até ao seu cabelo, onde despejo algum carinho. Posteriormente, ele faz o mesmo com o outro seio, começando a distribuir beijos e algumas mordidas sobre minha barriga, enquanto desce até meu baixo ventre. Minha intimidade pulsa querendo mais. Num movimento rápido começo a retirar minha calcinha e ele termina esse trabalho, por fim me olhando com malícia, enquanto retira sua própria calça e cueca boxer. A intimidade dele está erecta e se eu não quisesse mais ou soubesse o quanto poderia caber em um pequeno órgão, ficaria um pouco assustada. Às vezes era difícil de acreditar que um órgão se metia entre as minhas pernas e era bom. Percebendo a nudez de nós dois, me aproximo logo atacando os lábios dele que me recebem de bom grado. Minhas mãos passeiam por seu corpo, como se estivessem trilhando um caminho. Também sinto suas mãos acariciando cada pedaço de mim, como se precisasse me conhecer de todo. Seus lábios novamente escapam de mim, trilhando meu corpo enquanto marcas são deixadas para trás. Ele me deita na cama e se encaixa entre as minhas pernas e logo sinto sua intimidade entrando lentamente em mim. Ele olha-me como se pedisse a minha permissão e apenas aceno, relaxando um pouco sobre o travesseiro. Ele começa devagar e já sinto o vaivém. Uma estocada, duas estocadas, três estocadas… Sinto um pequeno ardor, mas tudo se torna apenas uma miragem, quando o prazer toma conta de cada pedaço de mim. Minhas pernas se encaixam ao redor dele e suas mãos seguram minha cintura firmemente, tomando controle do acto. Sem pudor, gemo alto e arqueio as costas segurando o travesseiro com força. Após longos minutos e numa sincronia perfeita, chegamos ao orgasmo e gozamos juntos. Talvez seja o álcool, poucas pessoas conseguem atingir o clímax em simultâneo. Com a respiração ofegante, ele deita-se ao meu lado e ficamos em silêncio por alguns segundos, recuperando o fôlego. O cansaço toma conta de mim após alguns minutos, meus olhos sonolentos imploram por uma boa noite de sono, então me entrego a ele. Mal fecho os olhos, sinto-o se acomodando enquanto se aproxima de mim.KENDRA HAYES Um ano depois… — Oh meu Deus — eu ri. — Você não fez. Meu marido olhou para mim com aquele sorriso arrogante enquanto estávamos diante do chalé. — Eu fiz. — Uau — eu olhei em volta, apreciandi o lugar pela primeira vez. — O lago parece muito bom. Lewis me abraçou por trás. — Ouvi dizer que é bom para nadar à meia-noite. — Oh? O que mais você ouviu? — Que se você tiver muita sorte, a garota dos seus sonhos vai se apaixonar por você aqui. — Isso parece improvável. — É, não é? — Ele colocou um beijo no topo da minha cabeça. — Mas, às vezes, os sonhos se tornam realidade. — Ainda não consigo acreditar que você está me surpreendendo assim. — Você deveria me conhecer bem o suficiente agora. Eu gosto de mimar você. E, ainda mais do que isso, gosto de levar você embora. Daí a grande escapada de fim de semana. Fazia seis
KENDRA HAYESTrês meses depois… — Onde estamos indo? — Olhei pela janela do jato particular dos pais de Lewis. O que era uma loucura, eu jamais me acostumaria. — Você vai ver — disse meu namorado com um sorriso maroto.Nos quase cinco meses em que estivemos juntos – cerca de seis meses, quando você incluiu nosso período de não-estamos-juntos amigos-com-benefícios – essa pode ser a coisa mais maluca que Lewis já fez por mim. Perdendo apenas para se apaixonar por mim.Por muito tempo, acreditei que o amor não era algo para o qual eu tinha tempo, algo que valia a pena abrir espaço em minha vida. Eu costumava pensar que a maioria dos homens não iria querer uma mulher voltada para a carreira, uma mulher focada em si mesma e que não colocasse um relacionamento em primeiro lugar. E talvez eu estivesse certa sobre a maioria dos homens, mas também encontrei um homem que provou que eu estava errada.Lewis tinha quebrado tudo i
KENDRA HAYES O sábado amanheceu cinza, com aquele tipo de vento que parece querer arrancar a pele do mundo. As árvores se curvavam como se estivessem tentando se esconder, e as nuvens se arrastavam pesadas, como se carregassem segredos antigos. Acordei antes do despertador, com a sensação incômoda de que havia algo me chamando para fora de mim. Não era um pensamento claro. Era um impulso. Um nó no peito que não se desfazia com café ou com banho quente. Talvez fosse culpa. Talvez fosse coragem. Ou talvez só fosse a necessidade de entender e encerrar o outro lado da minha vida — aquele que eu vinha evitando há anos, como quem contorna uma ferida para não sentir a dor. Peguei o carro. Não avisei a ninguém, nem mesmo a Lewis. Apenas dirigi. A cidade onde meu pai mora fica a algumas horas. Tempo suficiente para meus pensamentos me afogarem e ressuscitarem, como sempre fazem. A estrada parecia mais longa do que o habitual, talvez porque eu sabia que não havia retorno emocional depoi
KENDRA HAYES ‘I want your midnights, but I’ll be cleaning up bottles with you on New Year’s Day…’ Os alto-falantes da casa de Lewis – que em breve seria nossa casa, se eu conseguisse – tocavam enquanto balançávamos na cozinha às nove da manhã do dia 1º de janeiro. Era uma espécie de paz tranquila; um que eu não tinha certeza se realmente gostava antes de ele entrar na minha vida. Eu queria isso – ele, todas as suas madrugadas e todo o tempo intermediário. — Então, meu amor, o que você acha? — Lewis me perguntou, balançando-me em outro círculo. — Sobre o que? — Eu perguntei, olhando para ele. — Sobre nosso próximo ano juntos. — Ele mostrou os dentes em um sorriso deslumbrante. — Hm, estou pensando nisso. — Vou ter quantos você me der. Deitei minha cabeça em seu ombro. — Eu me sinto gananciosa. — Por que? — Porque eu quero todos eles. Ele beijou o topo da minha cabeça. — Eu acho que isso pode ser arranjado, K. — Bom. — Eu me aconcheguei em seus braços. — Esper
LEWIS LUTTRELL — 5, 4, 3, 2, 1… Feliz Ano Novo! — A sala explodiu em um grito barulhento enquanto todos comemoravam e trocavam abraços com seus entes queridos. Puxei Kendra para mais perto e a beijei profundamente.— Feliz Ano Novo, meu amor.Seus olhos castanhos, cheios e brilhantes, olharam para mim enquanto ela sorria.— Feliz Ano Novo,Lewis.Peguei duas taças de champanhe de um garçom e entreguei uma a ela antes de bater nossas taças.— Por muitos mais anos juntos.— Todos eles, eu espero — ela sorriu. — Agora, vamos, vamos encontrar nossos amigos.O resto de nossa equipe havia saído para o pátio do hotel que escolhemos para passar o Ano Novo – estava gelado e frio, mas era uma noite linda. Coloquei meu paletó sobre os ombros de Kendra, para que não tivéssemos que procurar seu xale, e a conduzi para fora.Norsha e Jane estavam sentadas em um sofá próximo conversando com Ryan e Daniel.— Ei, turma — disse Kendra com um sorriso, sentando-se no meio das duas mulheres, deix
LEWIS LUTTRELLAcontece que segurar a mão de Kendra enquanto caminhávamos pela cidade, bebericando o melhor chocolate quente enquanto brisa fria vinha de alguma direcção pode ter sido minha atividade de Natal favorita de todas. Perambulamos um pouco pelo mercado, juntando mais sacolas, a maioria das quais eu insistia em carregar.Ela estava usando um dos gorros da minha irmã que tinha um grande pompom no topo, envolto em um casaco grosso de lã e cachecol. Ela também pegou emprestado um par de luvas da minha mãe – algo que eu nunca pensei que veria.— Você está tão fofa. — Eu disse, olhando para ela. Eu estava sempre olhando para ela.— Sim, estou — ela sorriu.— E humilde também.Ela passou os braços em volta do meu pescoço.— Eu também acho você fofo. E muito bonitinho. Bonito. — Ela enterrou o rosto no meu pescoço para poder sussurrar em meu ouvido: — E muito bom com o seu…— Kendra! — Não pude deixar de rir enquanto a puxava de mim. — Estamos em público.— O que? — Ela deu
Último capítulo