KENDRA HAYES
Eu soube antes mesmo de alguém me contar. Era o tipo de silêncio que só se instala quando algo muito grande acaba de acontecer. Um silêncio que não se explica com palavras, mas que se sente na pele, como uma mudança súbita na pressão do ar, como o instante antes da tempestade.
Na DELCOUR, os boatos correm com velocidade cirúrgica. Bastam três palavras ditas no elevador para que se transformem em uma narrativa completa no café da tarde. Mas aquela manhã estava envolta por uma quietude diferente. Olhares desviados, cochichos abafados, portas se fechando rápido demais. O tipo de comportamento que não se vê quando há apenas especulação, mas quando há confirmação.
Eu já sabia. Antes mesmo de Jane aparecer à porta do meu escritório, com uma expressão que misturava surpresa, alívio e... aprovação?
— Ele fez isso mesmo — disse ela, encostada no batente, os braços cruzados como quem tenta conter a empolgação.
— O quê?
Jane arqueou uma sobrancelha, como se não acreditasse que eu ai