As portas da biblioteca se fecharam atrás de nós com um ruído grave, abafando o caos que ainda pulsava nos corredores de Northshore. O perfume de couro antigo, madeira envernizada e papel amarelado impregnava o ar e, pela primeira vez em séculos, o santuário do saber que eu tanto prezava parecia pequeno demais para conter minha ira.
Nathaniel se postou à direita, os braços cruzados, mas os olhos atentos. Ravena parou junto à janela de vidro espesso, onde a noite lambia o céu com nuvens escuras.
A luz das lamparinas fazia dançar as sombras dos livros sobre os estofados e colunas. Mas tudo aquilo, os volumes sagrados da história vampírica, os mapas táticos, os grimórios mágicos, não me traziam conforto.
Porque tudo dentro de mim gritava por sangue.
O dele.
Marcel Lockhart. A criatura desprezível que ousou colocar as mãos em Ravena. Não uma vez, mas por anos. E pior, se autodenominava seu companheiro.
— “Companheiro”… — rosnei, e minha voz reverberou como um trovão abafado pelas paredes