Capítulo 58
Ágata
Nunca achei que seria tão fácil me envolver com alguém depois de tudo, menos ainda alguém que eu deveria temer.
Quando aceitei, o fato que precisava viver isso, começou com uma mensagem. Inocente. Quase cortês. Um “soube que você está bem melhor”. Depois, mais uma. E outra. E mais outra. Até que as madrugadas deixaram de ser solitárias. Miguel, com sua voz rouca, me dominava os sentidos, nunca falando demais, foi entrando pelas frestas que a dor e os traumas deixaram abertas.
Sabia quem ele era. Sabia que por ser quem era já tinha feito muita coisa errada. Sabia que qualquer envolvimento com ele era um erro. Mas... ele também sabia quem eu era. E mesmo assim insistiu. Me tratava com respeito, quase com reverência. Era como se me conhecesse há tempos, como se enxergasse algo além da mulher quebrada, destruída que restou em mim.
— Não quero saber do seu passado — escrevi certa noite.
Ele demorou a responder. Por um momento, pensei que tinha ido longe demais, que o sil