Capítulo 68
Ágata Goulart
O dia mal tinha clareado quando fui despertada por uma náusea forte que subia do estômago como um redemoinho violento. Sentei-me na cama de um salto, levei a mão à boca e corri para o banheiro sem nem pensar duas vezes. Mal cheguei à pia e já estava vomitando, o gosto amargo, o enjoo, a tontura. Tudo misturado.
Depois do terceiro impulso, respirei fundo, lavei a boca e apoiei os cotovelos na bancada de mármore, olhando o próprio reflexo. Estava pálida, os olhos fundos, o cabelo bagunçado caindo em volta do rosto.
— Que droga foi essa agora? — murmurei, sentindo o estômago ainda revirado.
Voltei para o quarto devagar, com as pernas fracas. Miguel continuava dormindo, tranquilo, o rosto sereno sobre o travesseiro. E por um instante, aquela cena me trouxe paz. Tanta, que até o enjoo pareceu cessar por uns segundos. Me sentei à beira da cama, tentando entender o que estava acontecendo com meu corpo.
Foi quando peguei o celular do criado-mudo para ver as horas. Ma