Capítulo 66
Miguel Fonseca
Ela estava nos meus braços. Ágata. A mulher que me tirou da escuridão com um simples olhar. E agora, deitada em meu peito, com a respiração ainda acelerada, a pele quente e o coração disparado, eu me sentia completo. Pela primeira vez em toda a minha vida, eu sabia o que era isso: plenitude.
Tudo o que vivi antes dela parecia borrado, distante, irrelevante. Nenhuma conquista profissional, nenhum troféu de poder ou título de influência poderia se comparar ao que eu sentia com ela ali, depois de nos entregarmos como se o mundo lá fora não existisse.
Acariciei os fios do cabelo dela enquanto minha mente voltava a tantos momentos. O instante em que a vi pela primeira vez. Tão firme, mas com os olhos cansados. Ela tentava parecer forte, mas eu vi a dor ali. Vi os estilhaços de alguém que já foi inteiro e foi quebrado mil vezes. E foi isso que me prendeu.
Não a beleza, apesar de ela ser linda de uma maneira quase surreal. Foi a força escondida por trás do medo. F