17.
James terminava de revisar um relatório no escritório quando a imagem de Lilly sentada no jardim mais cedo voltou à sua mente. Havia algo no modo como ela encarava o chão, como se estivesse tentando manter-se firme por dentro, mesmo que estivesse se partindo. Ele não conseguia afastar aquela imagem, nem a inquietação que o acompanhava desde então.
Levantou-se da cadeira e, ao passar pelo corredor, encontrou Dona Marlene organizando os arranjos de flores da sala.
— Marlene — chamou, mantendo a voz baixa, quase contida.
Ela o olhou com curiosidade.
— Pois não, senhor James?
— A Lilly... — começou, hesitando mais do que gostaria. — Você notou algo diferente nela nos últimos dias?
A governanta pareceu surpresa com a pergunta. Colocou o vaso no aparador e cruzou os braços.
— Notei sim. Desde ontem ela anda com o olhar distante, mais calada. Eu perguntei, mas ela disse que era coisa da faculdade. Mas tem algo a mais, eu sinto.
James assentiu lentamente, seu olhar perdido no chão de madeira