A neve caía em flocos pesados contra a janela do meu novo quarto no Hotel Brown, o letreiro dourado lá fora lançando sombras inquietas no teto. Era a segunda noite desde que saí da suíte presidencial, deixando Olivia sozinha com o peso da nossa farsa. O silêncio no quarto era opressivo, como se o próprio ar tivesse se rendido à tensão que me consumia. Deitado na cama, as mãos atrás da cabeça, eu tentava não pensar nela, mas era impossível. Os olhos verdes de Olivia, marejados de lágrimas dois dias atrás, voltavam a me assombrar. Eu a vi chorar no hall do hotel, diante da árvore de Natal montada sem ela, e a dor crua na voz dela, murmurando sobre a mãe, ainda ecoava em mim. A culpa pela noite em que nos entregamos um ao outro — um erro que ainda queimava na minha pele — era um peso que eu não conseguia soltar.
O aroma de lavanda nos lençóis era um lembrete cruel. Era o mesmo perfume que pairava na suíte, o perfume dela, que parecia se agarrar a mim como uma memória viva. Virei-me na ca