O banheiro da suíte era um oásis de luxo que parecia zombar da minha simplicidade: azulejos brancos reluzindo sob a luz suave do abajur, o espelho amplo refletindo meu rosto pálido e cansado, o ar impregnado com um leve aroma de lavanda dos sabonetes caros. Sentei-me no chão frio, o contato gelado dos azulejos contra minhas pernas enviando arrepios que ecoavam a frieza que apertava meu peito. Minha mala, aberta ao meu lado, era um testemunho cruel da minha vida desleixada. De todas as roupas que Noah me comprou — vestidos de seda, sapatos brilhantes, um celular novo que ainda parecia um intruso nas minhas mãos —, não havia um pijama. Nem mesmo mencionei roupas íntimas, tão consumida pelo turbilhão dos últimos dias: o celular, as roupas novas, a constatação de que minha mala era mal elaborada, um reflexo da minha existência precária. Meu pijama, um azul velho e desbotado, estava cheio de buracos, as costuras desfiadas como se carregassem as cicatrizes dos meus anos de luta. Olhando par