Mundo de ficçãoIniciar sessãoJuliana desceu do Uber sorrindo, como se fosse a protagonista de uma comédia romântica. A noite tinha um ar morno, gostoso. Ela não andou até a portaria: praticamente, desfilou até lá.
O som do salto alto era discreto no piso de porcelanato do hall de entrada enquanto ela atravessava as portas giratórias de vidro. Parou por um instante só para olhar para cima. O prédio era imponente, moderno, feito de aço e vidro, com aquelas linhas limpas e elegantes que prometiam luxo sem precisar dizer uma palavra.
Um encontro na área nobre da cidade. Um médico jovem, gato e aparentemente solteiro. A noite era uma promessa deliciosa.
Soltou um suspiro satisfeito enquanto ajeitava o cabelo, conferindo o batom discreto — o suficiente para parecer natural, mas não acidental. Usava um vestido ainda mais curto, claro. O médico tinha que reconhecer exatamente aquilo que ele viu: uma mulher que sabia o que queria.
Foi recebida por um recepcionista de terno escuro, educadíssimo, que se levantou da cadeira com um sorriso profissional.
— Boa noite, senhorita. Seu nome, por gentileza?
— Juliana Campos — respondeu, com a voz melodiosa, quase ensaiada. Mas o brilho nos olhos era de verdade. Há quanto tempo não se empolgava tanto com um encontro? Bem... Na verdade, nunca tinha se empolgado tanto. Quem resistiria a um homem lindo e cheiroso como aquele?
O rapaz digitou com agilidade, apertou uma tecla no painel, falou baixo algumas palavras e, em seguida, assentiu com uma reverência profissional. O sorriso cordial voltou a se abrir no rosto do homem.
— O doutor Daniel está à sua espera. A cobertura é no 25º andar. Há um elevador exclusivo à esquerda, já liberado para a senhora.
“Uau”, pensou, enquanto agradecia. “Cobertura.”
Não que ela fosse o tipo de garota impressionável. Bom, pelo menos isso era o que ela dizia isso para si mesma sempre. Era só que aquele prédio, aquele hall de entrada minimalista e perfumado... Como se não bastasse, agora tinha a informação de que ele morava na cobertura... Era muita sofisticação para alguém que aparentava tanta tranquilidade. Quantos outros segredos o médico escondia?
“Todo certinho, todo profissional exemplar, cara de bom moço... Mas com um apartamento desses?” Ela riu por dentro. “Ser comportado é um caminho lucrativo, afinal. Eu deveria tentar.”
Entrou no elevador vazio. O espelho no fundo refletia sua expressão satisfeita. Ela estava linda, confiante e com a sensação deliciosa de que tinha ganhado um jogo para o qual nem estava escalada.
Capitão América de jaleco, hein? Vamos ver se você sabe sair da linha na hora certa...
Quando as portas se fecharam e o número 25 se iluminou em vermelho, ela sentiu uma excitação nova crescendo no peito. Ansiedade, curiosidade, desejo. Tudo junto. Mas acima de tudo estava a louca vontade de sentir as mãos daquele cara percorrendo o seu corpo, cada centímetro do seu corpo.
E, acima de tudo, aquela certeza que brilhava em sua mente como um letreiro de neon:
A noite vai ser boa. Que ele tenha pegada, Deus. Nunca te pedi nada.







