Entramos em casa com aquela calma pesada que chega depois de um dia emocionalmente denso. A luz da sala estava fraca, vinda só do abajur no canto, e ali, afundada no sofá como se tivesse travado uma batalha com o cansaço e perdido feio, estava Helena. Dormia torta, quase caindo para o lado, segurando uma cesta de novelos no colo e duas agulhas apontadas para direções completamente aleatórias, como antenas desreguladas.
Matt chegou perto, tentando segurar o riso.
— Se a gente acordar ela agora, ela não dorme pelas próximas três noites — sussurrou. — Helena sempre foi assim… insone profissional.
Sorri, sentindo algo quente no peito. Era impressionante como até o caos parecia ganhar suavidade perto dele.
Passamos pelo quarto da Cori antes de subir. A porta estava entreaberta e o abajurzinho com luz azul deixava tudo com um ar meio etéreo, quase mágico. Minha filha dormia de bruços, o cabelo espalhado no travesseiro, um dos braços jogado para trás como se estivesse nadando em so