A rua estava silenciosa naquela noite fria, e o som dos meus passos ecoava pelo calçamento molhado, até que percebi uma silhueta familiar parada em frente ao meu prédio. Meu coração falhou por um instante quando reconheci o sorriso discreto de Harold, o mesmo que eu via tantas vezes na agência, sempre de look impecável e olhar sereno.
— Harold? — soltei, surpresa, tentando entender a cena. — O que você está fazendo aqui? Como você me encontrou?
Ele ajeitou a camisa com naturalidade e deu um passo à frente, como se tivesse todo o tempo do mundo.
— Encontrei Lucile no hospital, por acaso. Estava sendo atendido por ela. — Seu tom era leve. — E… fiquei sabendo que você teve uma filha. Quis saber se foi por isso que deixou a agência.
Apertei o casaco contra o corpo, tentando disfarçar o desconforto que me atravessava.
— Foi um dos motivos — admiti. — Mas, mesmo antes de saber da gravidez, eu já queria sair. A agência… não fazia mais sentido para mim. Eu sentia necessidade de mu