A tarde de quarta-feira estava fria, daquelas que pedem casacos grossos e lenços enrolados no pescoço. Eu aproveitava o dia de folga para cuidar da casa, e nada me fazia sentir mais adulta do que empurrar um carrinho de supermercado com uma lista amassada na mão. O lugar era o meu favorito, uma indicação da Lucile, que havia me convencido de que fazer compras ali era quase terapêutico. Ela tinha razão. O supermercado era silencioso, organizado, com corredores largos e prateleiras impecavelmente abastecidas. Não havia pressa nos passos das pessoas, nem gritos de crianças cansadas. Era calmo, quase íntimo.
Minha parte preferida, sem dúvidas, era a de doces e produtos matinais. Senti o cheiro de baunilha se misturar ao de pão fresco, e não resisti em encher o carrinho de biscoitos amanteigados, geleias coloridas e caixinhas de suco que eu sabia que fariam os olhos da Cori brilharem. Passei os dedos sobre um pacote de cereais com desenhos infantis e sorri, lembrando-me de como ela bal