A cafeteria ainda cheirava a café fresco, mesmo antes das máquinas serem ligadas. O cheiro estava misturado com o de madeira encerada e com o leve aroma de papel das embalagens novas que haviam chegado a poucas horas antes de começar o expediente. Era um cheiro que eu sempre associei a recomeço. Mas, naquela manhã, não havia sensação de recomeço nenhuma. O ar parecia denso, pesado. Cada um de nós evitava trocar olhares por muito tempo, como se o simples ato de olhar pudesse nos tornar suspeitos.
Matt estava no centro da sala, em pé, os braços cruzados e a expressão séria. O olhar dele varria cada rosto como quem tentava decifrar uma verdade escondida. Ninguém ousava falar nada. O som do relógio de parede parecia alto demais, e cada tique ecoava como um lembrete de que algo estava errado ali.
— A polícia terminou o levantamento preliminar — ele começou, a voz firme, mas sem pressa. — E não encontraram sinais de arrombamento. Nenhum vidro quebrado, nenhuma fechadura danificada. Is