O som da chave girando na fechadura parece mais alto do que o normal, talvez porque tudo dentro de mim está em silêncio. Entro em casa devagar, sentindo o cheiro doce de baunilha misturado com o de amaciante no ar — Jesse sempre deixa tudo impecável — e encosto as costas na porta, tentando respirar.
Eu o beijei. Beijei Matt.
Meu corpo ainda parece saber disso, mesmo que minha cabeça tente negar. A cena insiste em se repetir, como se fosse uma lembrança gravada a fogo — a chuva, os olhos dele, o toque que ainda parece existir em mim.
Respiro fundo, passo as mãos no cabelo molhado, e a realidade volta em fragmentos: a casa simples, o silêncio, o som do relógio marcando o fim de mais um dia comum. Mas nada parece comum depois do que aconteceu.
Tiro os sapatos, deixo a bolsa no sofá e tento me convencer de que foi só um impulso, uma fraqueza, algo que não significa nada. Só que não adianta — porque se não significasse, eu não estaria tremendo agora.
Sento na ponta do sofá e es