Russ
As horas passam devagar demais quando se está sentado numa cadeira dura de hospital, observando a vida esvair-se em silêncio pelos corredores. O relógio da parede já marcou a tarde inteira, mas eu não sinto vontade de levantar. Não consigo. Parte de mim está preso a essa cadeira porque, se eu for embora, talvez Lucile pense que desisti. E eu não vou desistir dela.
Ela não olha para mim desde que descobriu. Não me dirige uma palavra sequer. Sei que está magoada — e com razão. Mas o medo maior, aquele que corrói meu peito como ferrugem, é que ela nunca mais me perdoe. Que eu a tenha perdido para sempre.
Mesmo assim, enquanto houver ar nos meus pulmões, vou continuar tentando fazer o que prometi: oferecer à Corinne tudo o que ainda posso. Não sei se consigo salvar o corpo dela, mas ao menos quero aliviar sua dor. Quero que Lucile, quando olhar para trás, saiba que eu nunca deixei de lutar.
Do quarto, às vezes, ouço soluços abafados. Lucile não sai de perto da mãe, segura a