Lucile
Russ me deixa em frente ao meu prédio. Ele segura minha mão até o último segundo e, quando me inclino para o beijo de despedida, ele me prende com os lábios num beijo lento, demorado, como se não quisesse me soltar tão cedo.
— Pensa no meu pedido, Lucile. — ele murmura contra a minha boca.
— Eu vou pensar. — respondo, a voz mais suave do que gostaria. — Mas quero que você pense também. Casamento não é só juntar duas vidas... é rotina, é convivência, é se ver em todas as versões do outro, até nas piores. É um passo enorme.
Ele me olha fundo, sério, como se tentasse gravar cada palavra.
— Eu sei o que quero. — diz firme.
— Mas será que você me conhece o suficiente pra ter tanta certeza? — pergunto, e dessa vez sou eu quem quebra o contato visual.
Ele suspira, beija minha mão como se fosse um gesto natural e se despede. Só quando o carro dele desaparece na esquina é que sinto meu peito aliviar. Mas é um alívio inquieto, como se um peso tivesse apenas mudado de lugar