Gabriela narrando :
Continuei comendo em silêncio, focando no prato, mastigando como se a comida pudesse abafar o gosto amargo que Henrique e Luísa deixaram só de aparecer. Cada garfada era uma luta pra não explodir.
Rodrigo não disse nada. Só comia também, devagar, me respeitando no silêncio. Sem cobranças. Sem perguntas.
E eu agradeci mentalmente por isso.
Terminei meu prato com dificuldade, limpando a boca com o guardanapo, tentando engolir a humilhação junto com a comida.
Rodrigo pediu a conta, discreto como sempre, e a garçonete logo trouxe a maquininha. Tudo parecia controlado. Tudo parecia que ia acabar sem mais dramas.
Mas claro que não ia ser assim.
Antes da gente levantar, eu vi pelo canto do olho a sombra se aproximando da nossa mesa.
E quando olhei direito, lá estava ele.
Henrique.
De braços cruzados, um sorriso de escárnio nos lábios, como se ainda tivesse direito de aparecer na minha frente depois de tudo que fez.
— Achei que você ia demorar mais pra arrumar alguém, Gabi