GABI NARRANDO
O silêncio era tão denso que dava pra ouvir o tic-tac do relógio da parede.
Meu pai ainda em pé, encarando o Rodrigo como se ele fosse um problema que precisava resolver. Minha mãe imóvel, só acompanhando tudo com os olhos arregalados. E eu ali… com o coração batendo forte, mas firme no que eu sentia.
Foi então que ele virou o rosto pra mim. Os olhos mais duros, mais exigentes. O olhar de pai que sempre me questionava mesmo em silêncio.
— E tu, Gabriela? — ele perguntou, a voz mais baixa agora, mas ainda carregada. — Tu acha que isso aí vai dar certo? Acha que ele é o cara certo pra ti?
Engoli seco.
Respirei fundo.
— Pai… eu não acho. Eu tenho certeza.
Ele pareceu levar um soco no estômago.
— Eu sei o que o senhor deve estar pensando. Que ele é seu funcionário, que a gente escondeu, que foi tudo rápido. Mas não foi. Nada disso foi por impulso. Não é brincadeira.
Soltei a mão do Rodrigo só pra me aproximar mais do meu pai. Olhei nos olhos dele como quem fala de igual pra