RODRIGO NARRANDO :
Quando ela sorriu depois do beijo, com aquele brilho no olhar e o rosto colado no meu, eu soube: valeu cada segundo de tensão.
Cada palavra pesada do pai dela, cada olhar atravessado, cada teste não dito. Eu tava ali, de pé, com a mulher que eu queria, com a cabeça erguida e o coração leve.
Ela falou brincando de sobremesa, mas só o fato de eu poder beijar a Gabi dentro da casa dela, de mão dada, sem segredo, já era mais doce do que qualquer coisa.
Soltei um riso baixo e encostei minha testa na dela.
— Agora só falta tu dizer que tua mãe sabe fazer aquele arroz de forno que eu amo…
— E se eu disser que sabe? — ela provocou, rindo.
— Aí eu caso amanhã — respondi sem nem pensar.
Ela riu mais alto, e naquele momento eu vi: ela tava feliz. Solta. Brilhando. O barulho do portão sendo arrastado me fez olhar pro lado. O pai dela já tava na churrasqueira, mexendo nas grelhas. A mãe começou a organizar a mesa da área, e o moleque, o irmão dela, vinha com uma caixa de som nas